O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu início à reforma ministerial, com a troca de Nísia Trindade por Alexandre Padilha no Ministério da Saúde. Com isso, abre-se uma vaga na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela articulação do governo, em especial com o Congresso Nacional.
Padilha era responsável por dialogar com as demais esferas do poder e também com as gestões estaduais. No entanto, ele era frequentemente alvo de críticas por parte de deputados e senadores, que alegavam que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era quem realmente desempenhava essa função, trabalhando pela aprovação de matérias de interesse do governo.
Com a saída de Padilha para o Ministério da Saúde, a expectativa é de que Lula indique outro nome do PT para ocupar o posto, apesar do centrão tentar pressionar o governo para indicar um nome para o cargo.
O líder do MDB na Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões (AL), por exemplo, chegou a ser apontado como um bom nome para a vaga de Padilha. Com boa interlocução com a esquerda e a direita, o político alagoano chegou a ser sondado para assumir a articulação do governo, seja na SRI ou na liderança do governo na Casa Legislativa, ocupada por José Guimarães (PT-CE).
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), também teve o nome ventilado para assumir o posto, em especial pelo presidente da Câmara e colega de partido, Hugo Motta. Contudo, a expectativa é de que Lula mantenha um nome do próprio partido na SRI e indique alguém mais ao centro para assumir o posto de Guimarães.
Alternativas
As apostas para a vaga de Padilha passam pelo próprio Guimarães, pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, e pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional da sigla.
Nos bastidores, Guimarães é apontado como o favorito para o posto. Com um bom relacionamento com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e com o trabalho realizado para eleição de Motta, o deputado pelo Ceará tem despontado entre os parlamentares da base governista.
Gleisi, por outro lado, é vista como uma personagem com menor interlocução com a direita, o que poderia prejudicar na votação de propostas de interesse do governo, visto que o PL, de Jair Bolsonaro, tem a maior bancada da Câmara.
Ainda sim, a presidente do PT é sondada para assumir outra vaga no Planalto, mas na Secretaria-Geral da Presidência da República, hoje ocupada por Márcio Macêdo.
Questionado sobre a indicação, Lula manteve o mistério e evitou adiantar nomes. “Já está escolhido, mas eu não contei para vocês ainda. Eu vou contar quando eu falar com a pessoa primeiro, senão, eu vou indicar a pessoa sem ter falado. Vamos ter paciência, tudo vai acontecer no tempo certo”, afirmou jornalistas nessa quarta-feira (26/2).
Dificuldade de articulação
A falta de interlocução com o Congresso foi uma das principais dificuldades do governo nesses dois primeiros anos de mandato. No ano passado, o então presidente da Câmara, Arthur Lira, chegou a fazer críticas públicas a Padilha pela forma como conduzia a articulação.
Nesse sentido, o próprio Lula, além dos ministros Fernando Haddad e Rui Costa, da Casa Civil, por vezes assumiram a frente nas negociações de matérias no Congresso.
O objetivo do governo com a troca na SRI é melhorar a interlocução com os parlamentares para garantir a aprovação de projetos prioritários, a exemplo da isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil. A chamada “reforma da renda” é uma das apostas do Executivo para melhorar a popularidade, que vive o pior momento entre os três mandatos de Lula.