A onda de calor que atinge principalmente o Sul do Brasil deve se prolongar até a próxima semana, com temperaturas elevadas também no Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.Uma projeção feita pelo Núcleo de Climatologia Aplicada da Universidade de São Paulo (USP) estima que a sensação térmica pode chegar os 70°C nesse período.
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles alertam para os riscos à saúde nesse cenário e explicam como o corpo reage diante de temperaturas tão extremas.
“Em ambientes com sensações térmicas de 70°C, o corpo entra em um modo de emergência, tentando a todo custo manter a temperatura interna dentro de um nível seguro. Se ultrapassarmos esse limite, os mecanismos de defesa começam a falhar, como se o relógio fosse perdendo o controle”, explica o clínico geral Carlos Gropen, médico da Clínica Ibdor e presidente da Sociedade para Estudo da Dor (SED/DF).
De acordo com o pneumologista Elie Fiss, da Alta Diagnósticos, em São Paulo, a primeira reação do corpo é a vasodilatação para dissipar o calor. “Nesse processo, o corpo começa a suar para tentar reduzir a temperatura”, diz.
O risco de complicações aumenta quando a pessoa não está bem hidratada. “Com a desidratação, pode acontecer a vasoconstrição, aumento da pressão arterial e até complicações mais sérias, como infarto ou derrame”, acrescenta o médico.
Fiss alerta também que, além de crianças e idosos, pessoas com problemas respiratórios, como asma ou bronquite, estão mais suscetíveis a complicações graves.
Impactos mais graves
E o que acontece quando a regulação térmica do corpo falha? Gropen explica que, sem o controle da temperatura, o corpo se torna uma “fornalha sem válvula de escape”.
“Quando a temperatura interna sobe além dos 40°C, o golpe de calor (heat stroke) se instala. Neste ponto, a pele pode até parar de suar, tornando-se seca e quente. A confusão mental se agrava e o colapso cardiovascular se torna iminente”, destaca.
O médico clínico geral também alerta que o calor extremo afeta os rins, podendo levar à rabdomiólise – a destruição das fibras musculares que libera toxinas na corrente sanguínea e pode causar insuficiência renal.
Como se prevenir no calor?
O calor extremo exige cuidados especiais para proteger o corpo e evitar complicações. O cardiologista Marcelo Bueno, da Rede Dasa, recomenda o consumo de água e maior frequência de banhos ao longo do dia para controlar a temperatura corporal.
“A água mantém a temperatura mais baixa ao transferir o calor do corpo. Se for possível ficar molhado, isso ajuda a controlar a temperatura de forma eficiente. Também recomendo permanecer em ambientes ventilados”, orienta o médico.
Gropen também indica o uso de roupas leves e arejadas para evitar a absorção excessiva de calor. “Tecidos claros e respiráveis ajudam bastante, além de evitar atividades físicas sob sol forte”, destaca.
Ter cuidado com a alimentação também é importante nos períodos de calor intenso. Refeições leves, com muitas frutas e vegetais, ajudam a reduzir a produção interna de calor. Já o consumo excessivo de cafeína e álcool deve ser evitado, pois contribuem para a desidratação.
Além disso, a tecnologia pode ser uma aliada. “Ventiladores, climatizadores e ar-condicionado são essenciais, mas quando não estiverem disponíveis, métodos simples, como molhar a nuca, os pulsos e as axilas com água fria, podem resfriar o corpo rapidamente”, completa o especialista.
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