O falecimento do papa Francisco aos 88 anos pode ter sido consequência de um acidente vascular cerebral (AVC). Segundo jornais italianos, que afirmam ter informações de dentro da Santa Sé, o pontífice teria sofrido um derrame poucos minutos após acordar. O Vaticano, no entanto, ainda não confirmou a causa oficial da morte do santo padre.
O AVC interrompe o fluxo sanguíneo no cérebro e é dividido em dois tipos: isquêmico (por obstrução de um dos vasos cerebrais, bloqueando o acesso de sangue a partes do órgão) ou hemorrágico (quando ele se rompe e gera uma hemorragia no cérebro), sendo esta última mais grave.
“No caso do tipo hemorrágico, o quadro tende a ser mais grave, pois o sangue extravasado agride o tecido cerebral e pode elevar perigosamente a pressão dentro do crânio, o que exige intervenção imediata. Em todos os casos, porém, pode haver sequelas graves”, explica o neurocirurgião Victor Hugo Espíndola, de Brasília.
A falta de oxigenação pode causar danos neurológicos irreversíveis, com risco de morte. Idosos, como o papa, estão mais vulneráveis, mas o problema pode afetar até pessoas saudáveis e deve ser tratado imediatamente para evitar as sequelas.
Quais são os sintomas do AVC?
Espíndola compartilha quatro dicas fáceis para identificar os sinais de AVC rapidamente. Ele pede que as pessoas memorizem o passo a passo a partir da sigla SAMU, a mesma do serviço de atendimento médico de emergência.
“No S, pedimos que o paciente sorria e avaliamos se há algum entortamento. No A, de abraço, pedimos que o paciente levante os braços para ver se há diferença de força entre os membros”, diz o neurocirurgião.
“Já no M, pedimos que o paciente cante uma música para avaliar a memória e a dicção. Por fim, no U, lembramos da urgência de que em qualquer desses sintomas é preciso ir imediatamente ao hospital”, completa.
Prevenção e cenário global
Em um episódio de AVC, cada minuto tem valor imensurável no salvamento de uma vida, já que a cada minuto em que ele não é tratado, a pessoa perde 1,9 milhão de neurônios. “Por isso, identificar rapidamente os sinais da doença e o socorro ágil diminui drasticamente o risco de morte e evita o comprometimento mais grave que pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória e prejuízo à fala”, explica a neurologista Sheila Cristina Ouriques Martins, presidente da Rede Brasil AVC.
Hipertensão, diabetes e tabagismo aumentam os riscos, mas fatores como solidão e mudanças climáticas também preocupam. “É possível prevenir até 90% dos casos de AVC controlando os fatores de risco, como hipertensão, diabetes, colesterol elevado, arritmia cardíaca, sedentarismo, excesso de peso, a alimentação não saudável, o tabagismo, abuso de álcool e o estresse”, destaca.
“Ao adotarmos um estilo de vida saudável, reconhecermos nossos próprios fatores de risco e buscarmos assistência médica adequada para prevenção, podemos diminuir significativamente o impacto do AVC em nossa sociedade”, conclui Sheila.
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