A Polícia Civil de Mato Grosso cumpriu três mandados de busca e apreensão contra jornalistas por divulgarem informações supostamente falsas contra o governador do estado, Mauro Mendes (União Brasil). O Sindicato dos Jornalistas matogrossense critica a operação, a qual considera um risco para a liberdade de imprensa.
O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos. A operação, batizada de “Fake News”, está em sua terceira fase.
Entre os alvos da operação estão os jornalistas Enock Cavalcanti e Aleandre Apra. De acordo com a imprensa local, também foi alvo de mandado Marco Pinheiro, o Popó, irmão do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).
Segundo a Polícia Civil de Mato Grosso, os alvos da operação estavam com uma conduta reiterada de veiculação de informações falsas para atingir a imagem de autoridades. Os crimes investigados são “calúnia majorada, perseguição majorada e associação criminosa”.
Um dos investigados já teria uma condenação por crime contra a honra de um senador, que não teve o nome divulgado.
Críticas
Presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT), Itamar Perenha disse ao Metrópoles que a operação é contra jornalistas que criticam o governo do estado. Os jornalistas alvos da operação teriam feito matérias sobre uma investigação contra um familiar do governador suspeito de envolvimento com garimpo ilegal em terra indígena.
Em novembro do ano passado, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindjor-MT protocolaram um pedido de intervenção federal junto à Procuradoria Geral da República (PGR) pelo afastamento do governador Mauro Mendes.
Segundo as entidades, pelo menos 15 jornalistas teriam sido processados por reportagens sobre atos do governo e de seus familiares. A nota inclusive critica a operação Fake News, que já tinha se iniciado.
“Inviabilizar de que a notícia chegue à sociedade, rebaixando os atos de imprensa como um simples instrumento de ‘reprodução’ de release dos órgãos públicos, afastaria por completo a independência critica e a liberdade de informar, dos veículos de comunicação”, diz trecho da nota.
A reportagem tenta contato com as defesas dos alvos da operação e com o governador Mauro Mendes. O espaço segue aberto.
