Um agente de confiança de Alexandre Ramagem usou a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar o personal trainer de Jair Renan, o filho “04” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação apurada pela Polícia Federal (PF) consta em manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com o documento a qual o Metrópoles teve acesso, o monitoramento do personal Allan Lucena era realizado para “livrar este último [Jair Renan] de investigações já então em curso em inquérito policial”.
O monitoramento, realizado pelo agente identificado como agente é identificado como Luiz Felipe Barros Felix, teria ocorrido “sem causa legítima”, segundo a manifestação.
Nesta quinta-feira (25/1), a PF realizou buscas contra o ex-diretor geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL) e também contra outros suspeitos de envolvimento em espionagem ilegal.
Pelo menos 30 mil pessoas, entre elas autoridades, foram monitoradas de forma ilegal pela Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF apontou o uso indevido do sistema de informática FirstMile, durante a gestão do diretor-geral Alexandre Ramagem.
A corporação indicou que a equipe de Ramagem tentou interferir na investigação contra o filho do então presidente da República. O “04” era investigado por um suposto caso de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
As investigações se referem ao caso em que Jair Renan e seu parceiro comercial Allan Lucena foram presenteados com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil.
O veículo foi fornecido pelo grupo empresarial Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, que um mês após a doação, em outubro de 2020, se reuniu com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, na companhia do filho do presidente.
Em agosto de 2022, a PF informou não não ter encontrado indícios de crime.
Denúncia de perseguição
O monitoramento narrado pela PF e corroborado pela manifestação da PGR, porém, já era de amplo conhecimento. Em março de 2021, o personal Allan Lucena procurou a polícia para denunciar que estava sendo seguido por um carro preto há dias.
Como revelou a coluna Na Mira, do Metrópoles, a Polícia Militar foi ao local e abordou o condutor do automóvel suspeito. No veículo estava o servidor Luiz Felipe Barros Felix, da Abin, o mesmo que consta na manifestação da PGR revelada nesta quinta-feira (25/1).
À época, o jornal O Globo revelou que a PF entendeu que o servidor estaria atrapalhando uma investigação envolvendo Jair Renan.
Ele teria recebido a missão de levantar informações sobre o paradeiro de um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil que teria sido doado a Jair Renan e ao personal trainer Allan Lucena por um empresário do Espírito Santo.