O ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, reagiu na noite desta quinta-feira (13/2) à possível taxação do etanol brasileiro pelos Estados Unidos, chamando a medida de “desarrazoada” por não falar em contrapartida na ampliação da exportação de açúcar brasileiro para os norte-americanos.
Mais cedo nesta quinta, decreto assinado pelo presidente americano Donald Trump citou expressamente o etanol brasileiro, alegando que a aplicação de tarifas sobre o combustível é desigual entre os dois países.
“Para ter um plano justo e recíproco, como dito pelo presidente Trump, seria necessário, na verdade, zerar as alíquotas de importação para o açúcar brasileiro. Brasil e Estados Unidos sempre negociaram açúcar e etanol de forma conjugada e ele [Trump] sabe disso”, disse Silveira em comunicado divulgado por sua assessoria.
Guerra tarifária
- Com o objetivo de colocar os interesses dos EUA em primeiro lugar, Donald Trump iniciou uma guerra tarifária após iniciar seu segundo mandato como presidente norte-americano.
- No início da semana, Trump anunciou a taxação de 25% sobre todas as importações norte-americanas de aço e alumínio.
- A medida atingiu diretamente o Brasil, que é atualmente o terceiro maior exportador de aço para os EUA, mas só entra em vigor em março, o que foi lido pelo governo brasileiro como um espaço para negociação.
No ano passado os EUA aplicaram a tarifa máxima de US$ 360,00/tonelada, para o açúcar importado fora do regime de cotas preferenciais, números que apontam um imposto de exportação de 81,16%.
Silveira sustentou que os EUA aplicaram um imposto “bem acima” dos 18% aplicáveis ao etanol importado pelo Brasil. “Cabe lembrar que cota regular de importação de açúcar concedida ao Brasil na safra 2023/2024 foi de 147,54 mil toneladas, ou seja, aproximadamente 0,4% das nossas exportações desse produto”.
E prosseguiu: “A medida adotada pelo presidente Trump é desarrazoada, uma vez que não se fala em contrapartida na ampliação da exportação de açúcar brasileiro para os norte-americanos. Esse tipo de decisão traz estrago ao multilateralismo global e, certamente, consequências negativas para a própria economia dos EUA”.
Por fim, o titular da pasta de Energia colocou que as políticas de ampliação de mercado e de incentivo à produção de biocombustíveis implementadas nos últimos anos, em especial o Combustível do Futuro, tornaram o Brasil mais competitivo na produção de etanol, com menor pegada de carbono e preços mais baixos.