Gânglios inchados na nuca, febre que aparecia e desaparecia sem causa aparente e hematomas nos joelhos que não se curavam. Estes foram indícios de leucemia que apareceram no pequeno Dominic, 4 anos, mas que a família não soube reconhecer como uma doença grave.
A família sabia que havia algo de errado com a criança, mas os diagnósticos que recebiam eram sempre imprecisos. A maioria dos médicos apontava que Dom, como é chamado, devia estar sofrendo uma infecção de garganta ou uma virose.
Sintomas de leucemia
- Os principais sintomas decorrem do acúmulo de células defeituosas na medula óssea, o que prejudica a produção das células sanguíneas funcionais.
- A diminuição dos glóbulos vermelhos ocasiona anemia e, consequentemente, fadiga, falta de ar, palpitação, dor de cabeça, entre outros.
- A redução dos glóbulos brancos provoca baixa da imunidade, deixando o organismo mais sujeito a infecções.
- Já a diminuição das plaquetas leva a sangramentos, sendo os mais comuns das gengivas e nas articulações.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o paciente com leucemia pode apresentar gânglios linfáticos inchados, mas sem dor, principalmente na região do pescoço e das axilas; febre ou suores noturnos; perda de peso sem motivo aparente; desconforto abdominal; dores nos ossos e nas articulações.
“Levamos meu filho três vezes ao pronto-socorro entre julho e setembro de 2023. Foram quase três meses para descobrir o diagnóstico de leucemia. Percebi que os médicos não tinham certeza do que estava acontecendo e comecei a insistir que ele fizesse uma bateria de exames. Sou formada em biomedicina e quando peguei o resultado dos exames, identifiquei na hora que era uma leucemia”, relata a mãe do menino, Ervely Carvalho.
Luta contra a leucemia
Olhando em retrospecto, Ervely identificou vários outros sintomas de Dom. O menino, que também é autista, apresentava palidez, perda de apetite e, no dia do exame, deixou de andar devido a dores nas pernas.
“Depois que notei que era uma leucemia, não quis preocupar meu esposo, mas pedi para ele voltar para casa e disse que precisaríamos levar o Dom no hospital, tendo uma chance de que ele ficasse internado por um tempo. Nem eu sabia que ele ficaria 60 dias no hospital naquela primeira internação”, conta Ervely.
Uma biópsia de medula confirmou que Dom tinha leucemia linfoide aguda tipo B, a forma mais recorrente em crianças. A hematologista Fernanda Queiroz, do Sabin, explica que a leucemia não se trata de uma doença única, mas um grupo de condições que afetam a medula óssea.
“Existem diferentes tipos da doença, como mieloide aguda, mieloide crônica, linfóide aguda e linfóide crônica. Cada uma delas tem características próprias, exigindo tratamentos específicos”, afirma a médica. Os sintomas podem variar, porém os mais comuns são fadiga persistente, palidez, tontura, hematomas frequentes, infecções recorrentes e sangramentos anormais.
Tratamento longo e campanha de alerta
A primeira fase do tratamento de Dom, com oito meses de quimioterapia intensiva, foi marcada por intercorrências. O menino precisou ser internado várias vezes para tratar os efeitos causados pela medicação.
“Hoje nós estamos em uma fase mais tranquila, chamada de manutenção, que vai durar até final de outubro desse ano”, enfatiza a mãe, que viralizou ao mostrar vídeos do filho com sintomas para alertar outros responsáveis.
“Eu sempre falo sobre a importância do diagnóstico precoce — ele pode fazer toda a diferença no prognóstico e no sucesso do tratamento. Por isso, comecei a compartilhar nossa história nas redes sociais, principalmente através dos vídeos do Dom. O tratamento não é fácil, é longo, cansativo e cheio de altos e baixos. Mas é muito importante confiar no processo e ter fé na cura”, completa Ervely.
No final da etapa atual de manutenção, ao fim deste ano, o menino passará por uma nova biópsia da medula óssea para avaliar a resposta ao tratamento.
O principal grupo de risco da leucemia são, justamente, as crianças na primeira infância, até os 10 anos, quando a doença tem uma alta incidência. ‘‘O tratamento hoje na leucemia aguda continua sendo principalmente a base de quimioterapia, aquela bastante agressiva, e algumas vezes é necessário nos casos mais resistentes lançar a mão de um transplante de medula óssea para que se possa ter possibilidade de cura’’, conclui a hematologista Maria Amorelli, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia.
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