O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aguarda o posicionamento do líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Pedro Lucas (MA), sobre a ida dele ou não para o Ministério das Comunicações, no lugar de Juscelino Filho, que pediu demissão após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República.
O nome de Pedro Lucas foi apresentado ao petista depois de uma articulação do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), que tem se aproximado cada vez mais do Palácio do Planalto.
Juscelino Filho denunciado
- Juscelino Filho foi indiciado pela Polícia Federal em 2024, pelos crimes de corrupção passiva, fraude em licitações e organização criminosa. As acusações contra ele são do período em que ele era deputado, envolvendo o suposto desvio de emendas parlamentares para obras de pavimentação em Vitorino Freire (MA).
- Já em 2025, a PGR apresentou denúncia ao Supremo Tribunal Federal contra Juscelino Filho. A acusação aponta o uso indevido de recursos públicos para beneficiar propriedades da família do político.
- O ex-ministro nega as acusações, mas decidiu se afastar do governo federal para focar na defesa dele. Indicado pelo União Brasil, o Ministério das Comunicações deve permanecer na pasta, que indicou Pedro Lucas para o lugar de Juscelino.
- O processo contra Juscelino Filho tramita sob sigilo no STF e conta com a relatoria do ministro Flávio Dino.
Segundo a ministra das Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, Pedro Lucas teria indicado que assumiria o posto na Esplanada dos Ministérios após a Páscoa, enquanto resolveria questões pessoais e também ligada a bancada do União na Câmara.
“O União Brasil apresentou o nome do Pedro Lucas para substituir o ministro Juscelino nas Comunicações. O presidente aceitou e fez um convite também ao líder para assumir o Pedro Lucas. O Pedro Lucas só pediu até depois da Páscoa para assumir o ministério porque tem que encaminhar algumas comissões pessoais em fim de mandato também em relação à liderança da bancada”, disse Gleisi.
Apesar da sinalização do governo, Pedro Lucas recuou e afirmou que iria conversar com a bancada do União Brasil na Câmara para avaliar a possibilidade de assumir ou não um cargo no governo Lula.
“Agradeço a confiança em meu nome e ressalto que, conforme alinhado com o próprio presidente, qualquer definição será construída coletivamente, em diálogo com a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados, da qual tenho a honra de ser o líder”, informou Pedro Lucas, em nota.
“Fui eleito para representar e conduzir os interesses da bancada, sempre com equilíbrio, transparência e compromisso com o projeto político que nos une. Não tomarei nenhuma decisão sem antes ouvir os deputados e deputadas que confiam no meu trabalho e com quem compartilho, diariamente, a construção de uma agenda em defesa do país“, acrescentou.
Há uma ala do União Brasil que defende o desembarque do partido do governo Lula, uma vez que a sigla tem um candidato à Presidência em 2026. O Metrópoles conversou com integrantes do partido que pontuaram que não seria de bom tom manter a aproximação do Palácio do Planalto em um ano eleitoral.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), lançou candidatura para o Palácio do Planalto em um evento na Bahia, que contou com a participação de diversos correligionários. No entanto, o presidente do partido, Antonio Rueda, não marcou presença, o que acendeu um alerta de apoio à candidatura de Caiado.
Além das Comunicações, o União Brasil indicou os ministros do Turismo, Celso Sabino, e da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, que não é filiado ao partido, mas foi uma indicação de Alcolumbre dentro da cota partidária.