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Ex-prefeito se pronuncia sobre lotes divulgados por Leonardo: “Má-fé”

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O ex-prefeito de Querência, Fernando Gorgen (União Brasil), então ocupante do cargo à época do lançamento dos empreendimentos imobiliários da AGX em parceria com o cantor Leonardo, diz que o caso “é um verdadeiro golpe que deram na população” da cidade e afirma que o dono da empresa, Aguinaldo José Anacleto, “agiu de má-fé”.

Gorgen esteve ao lado do cantor e do empresário, durante visitas ao município, em 2021 e 2022 (imagem em destaque). Hoje, tanto a AGX, quanto Leonardo, que nega ser sócio dos empreendimentos, afirmando que agiu apenas como garoto-propaganda, são alvos de ações judiciais de pessoas que compraram terrenos, mas que aguardam há quase três anos por uma resposta.

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Leonardo, entre o então prefeito de Querência (MT), Fernnado Gorgen (à esquerda) e o empresário Aguinaldo Anacleto (à direita)

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Leonardo em visita a Querência (MT) para divulgar e lançar emprendimento imobiliário, ao lado do empresário Aguinaldo Anacleto, da AGX e do, então, prefeito da cidade Fernando Gorgen (União)

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Leonardo esteve na cidade mais de um vez, entre 2021 e 2022, para lançar empreendimentos ao lado da AGX, do empresário Aguinaldo Anacleto

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Leonardo e o empresário Aguinaldo Anacleto, dono da AGX Smart Life

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Aguinaldo Anacleto e Leonardo, em Querência (MT), durante lançamento de empreendimento imobiliário

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Imagem do cantor foi utilizada para divulgar loteamento irregular e sem terreno quitado, em Querência (MT)

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Outdoor com imagem de Leonardo, instalado na entrada do terreno onde seria o residencial Munique Smart Life

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Cantor foi garoto-propaganda da empresa AGX

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Cantor Leonardo, durante vista a Querência (MT), para lançar empreendimentos imobiliários ao lado do empresário Aguinaldo Anacleto, da AGX

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O Metrópoles revelou o caso no sábado (8/3). Um dos empreendimentos, chamado residencial Munique Smart Life, vendeu centenas de lotes sem que o terreno estivesse regularizado, tampouco aprovado pela prefeitura local ou quitado, junto aos antigos donos. A área permanece sem qualquer intervenção, é alvo de ação de reintegração de posse e a AGX fechou os pontos de atendimento na cidade.

“Eu mostrei a cidade para o Leonardo. Fiz isso, quando ele foi lá fazer um show, meses antes. Mostrei a cidade, as oportunidades que tinham [para investir]. Não sei se ele investiu. Sei que depois ele surgiu lá com esse rapaz, o Anacleto, que se mostrava como um grande empresário. A gente [prefeito], quando vê um investidor querendo apostar na cidade, a gente não procura levantar a vida de ninguém. A gente fica é feliz”, explica Gorgen.

O problema revelado com o passar do tempo, no entanto, o fez mudar de ideia. Para o ex-prefeito, Anacleto utilizou a imagem de Leonardo para atrair a atenção da clientela, apresentando-o, também, como investidor e parceiro, e “agiu de má-fé”. “Venderam um loteamento que ainda não havia sido aprovado pela prefeitura, um verdadeiro golpe contra a população”, diz o ex-prefeito.

Veja vídeo de Leonardo divulgando o empreendimento:

 

“Não vejo envolvimento do Leonardo”, diz Gorgen

Ele faz questão de enfatizar, porém, que não acredita no envolvimento de Leonardo. Para Gorgen, o cantor foi usado como garoto-propaganda, apenas. Tanto, que, segundo o ex-prefeito, o sertanejo participou do lançamento de outros empreendimentos e não, necessariamente, do que está dando problema agora, mas que a imagem dele foi utilizada em todos os demais sob assinatura da AGX.

“Os dois primeiros condomínios foram tudo certo, registrados e aprovados. Depois, fizeram outro, mas venderam em forma de cotas, e isso aí, na verdade, já com má-intenção. Venderam os terrenos como cotas de participação e, quando as pessoas foram ver, acreditando que estavam comprando lotes, já era tarde demais”, expõe Gorgen.

Em resposta ao Metrópoles, o Grupo AGX alegou que o projeto do residencial Munique Smart Life não envolveu “a venda de lotes, mas sim a captação de investidores por meio de cotas dentro de uma Sociedade em Conta de Participação (SCP)”. Apesar disso, dizia-se no contrato que a área estava totalmente quitada, o que não se mostrou realidade.

Os antigos donos, um casal com mais de 80 anos, entraram com ação de reintegração de posse contra a AGX e Anacleto. Eles alegam que o empresário não cumpriu o acordo, tampouco efetuou os pagamentos, conforme o combinado. De acordo com o processo, do valor total do negócio de R$ 12,9 milhões, foram pagos, apenas, R$ 4,7 milhões, com atraso e cheques sem fundo a partir da terceira parcela, em 2023.

imagem colorida de Estante da Talismã ao lado de outro da AGX, no Centro de Querência (MT)
Estande da Talismã ao lado de outro da AGX, no Centro de Querência (MT)

Leonardo investidor ou não?

Em vídeo feito à época da visita de Leonardo à cidade e publicado nas redes sociais, Fernando Gorgen o chamou de “investidor”, o que reforçou a ideia entre a população de que o cantor seria sócio e participava ativamente dos empreendimentos. Hoje, o ex-prefeito alega que o artista seria investidor do primeiro condomínio fechado da cidade, outro empreendimento sem relação com o que enfrenta problemas agora.

Veja:

 

“É em outra área, outra situação”, diz ele. “Eu fiquei muito feliz, na época, quando o Leonardo falou que ia ajudar a investir nesse primeiro condomínio fechado. Começaram a fazer os muros do condomínio, ele está todo fechado, asfaltado, mas a empresa [AGX] começou a dar problema. Qualquer prefeito ficaria feliz diante de um investidor em sua cidade, mas, infelizmente, a empresa se aproveitou para agir de má-fé”, expressa Gorgen.

O que diz a AGX?

Em resposta ao Metrópoles, o grupo AGX  alega que a Sociedade em Conta de Participação (SCP), modelo adotado para vender cotas do Munique Smart Life, é uma “estrutura jurídica devidamente regularizada e em conformidade com a legislação vigente”.

Em relação ao processo de reintegração de posse, movido pelos antigos donos do terreno, que apontam atraso no pagamento do valor acordado, a empresa diz que não há decisão judicial definitiva sobre o caso e contesta os argumentos do vendedor da área. Segundo a AGX, ele “fixou o pagamento em sacas de soja e não aceitou a variação do índice conforme determina a lei”.

“A negociação segue judicialmente, mas não há inadimplência reconhecida e a paralisação das obras decorre da inadimplência de investidores, incentivada por calúnias e desinformação”, alega a empresa.

Sobre a participação do cantor Leonardo, a AGX afirma que ele “não tem nenhuma vinculação ou responsabilidade contratual sobre a administração e execução dos empreendimentos em Querência”. O cantor, segundo a empresa, “firmou uma parceria de publicidade, cedendo o direito de uso de sua imagem”.

“Ao firmar essa parceria, ele também apostou no empreendimento, acreditando em seu sucesso, mas não possui qualquer participação ou responsabilidade administrativa nos empreendimentos. A parceria envolveu o uso de sua imagem e em contrapartida, a participação em cotas, nos mesmos moldes dos demais clientes”, diz a AGX.

A assessoria de Leonardo nega que ele seja sócio do negócio.

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