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sábado, 19 abril, 2025
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    Diabetes tipo 5: entenda a nova classificação da doença

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    A diabetes relacionada à desnutrição — que afeta principalmente adolescentes e adultos jovens magros em países de baixa e média renda — agora passa a ser oficialmente reconhecido como uma forma distinta da doença: a diabetes tipo 5.

    A nova classificação foi anunciada pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) nessa quarta-feira (9/4). Ela é resultado de anos de pesquisa liderados pela professora de Medicina Meredith Hawkins, fundadora do Instituto Global de Diabetes da Faculdade de Medicina Albert Einstein, nos Estados Unidos.

    “A diabetes relacionada à desnutrição tem sido historicamente subdiagnosticada e mal compreendida. O reconhecimento da diabetes tipo 5 pela IDF é um passo importante para aumentar a conscientização sobre um problema de saúde tão devastador para tantas pessoas”, afirmou Hawkins em comunicado.


    O que é a diabetes?

    • A diabetes uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo.
    • A insulina tem a função de transformar a glicose (açúcar) em energia para o funcionamento das células.
    • Segundo o Ministério da Saúde, a diabetes tipo 1 é uma doença crônica, hereditária e não transmissível. Representa entre 5% e 10% dos casos no Brasil. Costuma se manifestar ainda na infância ou adolescência, mas também pode surgir em adultos.
    • a diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. A causa está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão, e hábitos alimentares inadequados.
    • Menos conhecido, o termo “diabetes tipo 3” é usado para descrever uma teoria segundo a qual a resistência à insulina no cérebro pode estar ligada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer.
    • A diabetes tipo 4, por sua vez, é uma forma mais rara, associada à idade avançada. Ela pode surgir mesmo em pessoas com peso moderado.

    A falta de comida como origem

    Diferentemente do tipo 2 — que está associado ao sobrepeso e representa a maioria dos casos nos países em desenvolvimento — a diabetes tipo 5 tem origem na desnutrição. Estima-se que entre 20 e 25 milhões de pessoas vivam com a condição, especialmente na Ásia e na África.

    De acordo com Hawkins, muitos jovens vêm sendo diagnosticados com esse tipo de diabetes, que pouco se parece com as formas mais conhecidas da doença. “Os médicos ainda não têm certeza de como tratar esses pacientes, que muitas vezes não vivem mais de um ano após o diagnóstico”, alerta a pesquisadora.

    A condição foi descrita pela primeira vez há cerca de 70 anos e chegou a ser reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma categoria distinta em 1985. No entanto, a designação foi retirada em 1999, por falta de estudos que sustentassem a diferenciação. Foi a partir de 2005, em eventos internacionais de saúde, que Hawkins começou a ouvir de médicos de diversos países relatos semelhantes: pacientes magros, jovens e com sintomas de diabetes que não respondiam bem à insulina.

    “A insulina não ajudou os pacientes e, em alguns casos, causou níveis de açúcar no sangue perigosamente baixos”, explicou Hawkins.

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    A diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas

    A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo
    Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal
    A diabetes pode ser dividida em três principais tipos. A tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais
    Já a diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta
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    A diabetes é uma doença que tem como principal característica o aumento dos níveis de açúcar no sangue. Grave e, durante boa parte do tempo, silenciosa, ela pode afetar vários órgãos do corpo, tais como: olhos, rins, nervos e coração, quando não tratada

    Oscar Wong/ Getty Images

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    A diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas

    moodboard/ Getty Images

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    A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo

    Peter Dazeley/ Getty Images

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    Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal

    Peter Cade/ Getty Images

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    A diabetes pode ser dividida em três principais tipos. A tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais

    Maskot/ Getty Images

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    Já a diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta

    Artur Debat/ Getty Images

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    A diabetes gestacional acomete grávidas que, em geral, apresentam histórico familiar da doença. A resistência à insulina ocorre especialmente a partir do segundo trimestre e pode causar complicações para o bebê, como má formação, prematuridade, problemas respiratórios, entre outros

    Chris Beavon/ Getty Images

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    Além dessas, existem ainda outras formas de desenvolver a doença, apesar de raras. Algumas delas são: devido a doenças no pâncreas, defeito genético, por doenças endócrinas ou por uso de medicamento

    Guido Mieth/ Getty Images

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    É comum também a utilização do termo pré-diabetes, que indica o aumento considerável de açúcar no sangue, mas não o suficiente para diagnosticar a doença

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    Os sintomas da diabetes podem variar dependendo do tipo. No entanto, de forma geral, são: sede intensa, urina em excesso e coceira no corpo. Histórico familiar e obesidade são fatores de risco

    Thanasis Zovoilis/ Getty Images

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    Alguns outros sinais também podem indicar a presença da doença, como saliências ósseas nos pés e insensibilidade na região, visão embaçada, presença frequente de micoses e infecções

    Peter Dazeley/ Getty Images

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    O diagnóstico é feito após exames de rotina, como o teste de glicemia em jejum, que mede a quantidade de glicose no sangue. Os valores de referência são: inferior a 99 mg/dL (normal), entre 100 a 125 mg/dL (pré-diabetes), acima de 126 mg/dL (Diabetes)

    Panyawat Boontanom / EyeEm/ Getty Images

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    Qualquer que seja o tipo da doença, o principal tratamento é controlar os níveis de glicose. Manter uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios ajudam a manter o peso saudável e os índices glicêmicos e de colesterol sob controle

    Oscar Wong/ Getty Images

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    Quando a diabetes não é tratada devidamente, os níveis de açúcar no sangue podem ficar elevados por muito tempo e causar sérios problemas ao paciente. Algumas das complicações geradas são surdez, neuropatia, doenças cardiovasculares, retinoplastia e até mesmo depressão

    Image Source/ Getty Images

     Reconhecimento internacional

    Em 2010, a pesquisadora fundou o Instituto Global de Diabetes para investigar os mecanismos por trás da doença relacionada à desnutrição.

    Um estudo conduzido em 2022 na Índia demonstrou que essa forma de diabetes não é causada por resistência à insulina, como se imaginava, mas sim por um defeito profundo na capacidade do organismo de secretar o hormônio. “A descoberta revolucionou a forma como pensamos sobre essa condição e como devemos tratá-la”, afirmou Hawkins.

    O avanço culminou, em janeiro de 2025, em uma reunião internacional na Índia com pesquisadores de diversos países e representantes da IDF e da Associação Americana de Diabetes. O grupo votou unanimemente pelo reconhecimento oficial da diabetes relacionada à desnutrição como uma forma distinta da doença — decisão validada durante o Congresso Mundial de Diabetes da IDF, realizado em Bangkok, na Tailândia.

    Com a nova designação, a IDF também anunciou a criação de um grupo de trabalho sobre a diabetes tipo 5, copresidido por Hawkins, que ficará responsável por elaborar diretrizes formais de diagnóstico e tratamento nos próximos dois anos.

    “A diabetes relacionado à desnutrição é mais comum que a tuberculose e quase tão comum quanto o HIV/aids, mas a falta de um nome oficial tem dificultado os esforços para diagnosticar pacientes ou encontrar terapias eficazes. Tenho esperança de que esse reconhecimento formal como diabetes tipo 5 leve ao progresso contra essa doença há muito tempo negligenciada, que debilita gravemente as pessoas e muitas vezes é fatal”, afirmou Hawkins.

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