O envelhecimento é um processo natural, mas alguns de seus sinais podem ser surpreendentes e aparecer sem ser percebidos. Com o passar dos anos, a voz muda, a posição dos nossos dentes e até a frequência com que temos dores de cabeça vão se alterando.
Essas transformações, embora comuns e com um progresso lento, nem sempre são esperadas ou compreendidas. Ninguém gosta de um dia se medir e descobrir que agora tem uma altura dois centímetros menor do que costumava ter. E não adianta culpar a trena: é tudo parte do processo de envelhecer.
Quando começamos a envelhecer?
Segundo a geriatra Juliana Elias Duarte, do Hospital Orizonti, em Belo Horizonte, os sinais sutis do envelhecimento começam a aparecer entre os 25 e 30 anos, com a perda de colágeno e uma leve diminuição da elasticidade da pele.
“Além disso, o metabolismo começa a desacelerar, aumentando a tendência ao acúmulo de gordura, enquanto a redução da produção de elastina contribui para os primeiros sinais de flacidez. Aos 40 anos, a perda de colágeno se intensifica, resultando em rugas e linhas de expressão mais marcadas”, explica ela.
Embora alterações de visão e de densidade óssea possam aparecer ainda nos 40, é ao cruzar aos 50 anos que elas se intensificam, associadas à perda de massa muscular e ao surgimento de vários sinais como a finura da pele, a sensação de cansaço e o maior risco de fraturas.
“Tudo isso varia de paciente para paciente: além da genética, a situação social e os cuidados com a saúde ao longo da vida fazem bastante diferença na qualidade de vida ao envelhecer. Mas, em média, aos 40 anos já estão claros os primeiros sinais”, completa o clínico geral Vitor Dominato, do Complexo Hospitalar de Niterói.
4 sinais exóticos de que estamos envelhecendo
Mudanças nos dentes
Um dos primeiros sinais do envelhecimento é uma tendência ao desalinhamento dos dentes, mesmo naqueles que usaram religiosamente aparelho na juventude. Ela ocorre devido à perda óssea do envelhecimento e o desgaste do esmalte.
“O desgaste natural do esmalte e a retração gengival também contribuem para o desalinhamento e até a perda dentária. Os primeiros sinais podem surgir entre os 40 e 50 anos, tornando-se mais evidentes após os 60”, explica Juliana.
Alteração da voz
A voz também sofre alterações com o tempo. Conforme as cordas vocais perdem elasticidade, a voz pode ficar mais fraca ou rouca. Os homens podem notar um aumento no tom, enquanto mulheres podem experimentar uma voz mais grave, especialmente após a menopausa.
Essas mudanças, conhecidas como presbifonia, geralmente começam entre 60 e 70 anos. Profissionais que fazem uso excessivo da voz, como professores, e fumantes podem experimentar as alterações até antes.
Perda da altura
A perda de altura é outro sinal marcante. A partir dos 40 anos, além da perda de massa óssea, ocorre a compressão dos discos intervertebrais da coluna, o que leva a uma diminuição gradual, mas ela é sutil.
“Em média, as pessoas perdem de 2 a 5 cm ao longo da vida”, afirma a geriatra. Exercícios de fortalecimento e uma dieta rica em cálcio e vitamina D podem ajudar a desacelerar esse processo.
Uma perda significativa de altura, porém, pode indicar osteoporose ou outras condições. Se você notou que encolheu mais de dois centímetros no último ano ou dois, o melhor é consultar o médico.
Menos dores de cabeça
Nem tudo é ruim, porém. Muitas mulheres relatam uma redução na frequência e intensidade das dores de cabeça após a menopausa. “As mudanças hormonais podem diminuir a sensibilidade do sistema nervoso à dor”, diz Dominato. Ele aponta também que as mudanças na pressão arterial típicas do envelhecimento podem contribuir para esta sensação.
Embora a idade exata para a mudança varie, ela é frequentemente associada ao fim do ciclo reprodutivo. Ao mesmo tempo, porém, as alterações podem levar a mudanças no ciclo do sono, com mais sonolência durante o dia, o que pode prejudicar a qualidade de vida.
O envelhecimento é um processo complexo e multifacetado. Embora alguns sinais possam ser desafiadores, muitos podem ser gerenciados com cuidados adequados. “Manter hábitos saudáveis, como atividade física e alimentação balanceada, faz toda a diferença”, reforça o médico.
Adaptar-se a essas mudanças, mas entender também suas origens, pode ser uma oportunidade para abraçar uma nova fase da vida com saúde e bom humor.
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