Com a 16ª edição do curso do Batalhão de Choque (Patamo) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) suspensa pela Justiça, a corporação se organiza para o lançamento da 17ª edição. Os alunos que chegaram a iniciar o processo em 2024 não terão nenhum tipo de preferência. Caso queiram – e passem na seleção – poderão fazer o curso de 2025.
A formação da Patamo do ano passado foi suspensa após uma denúncia de agressão vir à tona, em abril de 2024. Na época, o soldado Danilo Martins afirmou que colegas de curso começaram a agredi-lo para que ele desistisse. O caso chegou à Justiça do DF (TJDFT), que determinou a suspensão das aulas. Quase um ano depois, as investigações ainda seguem para identificar a veracidade do relato de Danilo e os responsáveis pelos atos violentos.
“Pede pra sair”: em 2 anos, 37 desistiram do curso da Patamo da PMDF
O Metrópoles procurou a PMDF e confirmou que a 16ª edição do curso de formação da Patamo segue pausada pela decisão judicial. Apesar disso, a 17ª edição será realizada.
Andamento na Justiça
A 16ª edição do curso da Patamo da PMDF começou no início de abril. No dia 29 do mesmo mês, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios determinou a prisão temporária de 14 policiais militares suspeitos de agredir e torturar o colega de farda. A mesma decisão suspendeu o curso.
Os PMs foram liberados dias depois e aguardam o julgamento em liberdade. O caso ainda está com o Ministério Público (MPDFT) e não há denúncia na Justiça sobre o acontecido.
Relembre o caso
Segundo depoimento prestado pelo soldado Danilo Martins à Corregedoria da PMDF e à Promotoria de Justiça Militar do DF, em 22 de abril de 2024, o coordenador do curso da Patamo o retirou no momento da apresentação dos uniformes e itens do curso. O superior teria dito que o soldado “não formaria no curso e que ele não mediria esforços para fazer com que ele desistisse, nem que fosse na base da ‘trairagem’”.
“Ainda falou ao declarante que o desligaria do curso por deficiência técnica ou lesionado”, completa o depoimento. Danilo diz que se recusou a desistir. Com isso, o tenente responsável pelo curso teria dito aos outros praças: “Estão vendo esse merda aqui? Ele não vai formar e quem ousar ajudá-lo também será desligado do curso”.
Depois disso, tiveram início as torturas e agressões, segundo a denúncia do aluno. O tenente mandou Danilo ir para uma espécie de caixote de concreto onde o depoente foi obrigado a ficar em pé por cerca de 1h30 e o proibiu de participar das atividades do dia.
“O tenente voltou ao local trazendo uma ficha de desistência, um capacete e um fuzil. O ordenou a empunhar o fuzil e ficar na posição de pronto-arma [fuzil cruzado no peito, sem encostar] durante aproximadamente 30-40 minutos, sob a supervisão de dois soldados.”
A 17ª edição do curso está prevista para setembro deste ano, com 50 vagas. O edital ainda não foi lançado.