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    Tremembé: por que gostamos de crimes reais, segundo especialistas

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    O lançamento da série Tremembé pelo Prime Video e a repercussão estrondosa causada pelos crimes reais expostos na produção fictícia reacenderam o debate sobre o motivo do grande público consumir filmes e séries do gênero. As tramas, inclusive, costumam entrar rapidamente na lista de mais vistos das plataformas de streaming.

    Tremembé, que conta a história de alguns dos nomes que passaram ou estão no “presídio dos famosos”, não é a primeira produção de true crime a ganhar os holofotes.

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    A história da série Tremembé

    • A trama é baseada em dois livros-reportagens e pesquisas do jornalista Ullisses Campbell.
    • Suzane: Assassina e Manipuladora (2020) e Elize Matsunaga: A Mulher que Esquartejou o Marido (2021) foram as principais obras de consulta.
    • Os dois livros resultam de anos de investigação e entrevistas conduzidas pelo autor dentro e fora do presídio de Tremembé.
    • Na série, Suzane é transferida para Tremembé após uma rebelião colocar a vida dela em risco na Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto.
    • Lá, ela encontra Elize Matsunaga (Carol Garcia) e Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato), além de se envolver com Sandrão (Letícia Rodrigues), uma das figuras mais comentadas e poderosas do presídio.
    • A narrativa também retrata detentos da ala masculina, como Daniel e Cristian Cravinhos (Felipe Simas e Kelner Macêdo), Alexandre Nardoni (Lucas Oradovschi) e Roger Abdelmassih (Anselmo Vasconcelos).

    Pacto Brutal: o Assassinato de Daniella Perez (HBO Max), Dahmer: um Canibal Americano (Netflix), Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime (Netflix) e A Menina que Matou os Pais (Amazon Prime Video) são exemplos de produções sobre crimes reais que ganharam o coração do público.

    5 imagensJeffrey Dahmer, o canibal americanoElize MatsunagaSuzane von Richthofen Isabella Nardoni foi morta em 2008 pelo próprio pai, Alexandre Nardoni, com ajuda da madrasta, Anna JatobáFechar modal.1 de 5

    Daniella Perez, filha de Gloria Perez, tem sua história retratada em Pacto Brutal, da HBO Max

    Divulgação2 de 5

    Jeffrey Dahmer, o canibal americano

    Reprodução/Departamento de polícia de Milwaukee 3 de 5

    Elize Matsunaga

    Divulgação/Netflix4 de 5

    Suzane von Richthofen

    Robson Fernandes/AE5 de 5

    Isabella Nardoni foi morta em 2008 pelo próprio pai, Alexandre Nardoni, com ajuda da madrasta, Anna Jatobá

    Reprodução

    Mas afinal, o que gera o interesse em histórias escabrosas? O interesse do público “não se explica apenas pela curiosidade sobre o mal, mas pela busca de compreender a própria natureza humana”, afirma Patrícia Barazetti, psicóloga jurídica e forense.

    “Nas palestras, costumo dizer que todos somos um homicida em potencial, não no sentido literal, mas simbólico: todos temos impulsos destrutivos, raiva, desejo de vingança, e aprendemos socialmente a conter esses impulsos. O true crime toca exatamente nesse limite entre o eu e o outro — entre quem comete e quem apenas imagina”, completa Barazetti.

    O psicanalista Guilherme Henderson aponta que o crescimento de conteúdos feitos com inteligência artificial pode gerar no público a busca pelo que é real. “Com o alto índice de produções criadas hoje com o uso da inteligência artificial e o aumento de vídeos cada vez mais absurdos, como os de tigres invadindo janelas e assustando pessoas que dormiam tranquilamente, talvez o apreço por aquilo que ‘parece real’ venha a se tornar cada vez mais comum.”

    O teor do crime

    A escabrosa história de Jeffrey Dahmer, serial killer que cometeu pelo menos 17 crimes hediondos, incluindo canibalismo e necrofilia, ainda elenca a lista de produções mais vistas da história da Netflix. Na época do lançamento, em 2022, internautas apontaram certa romantização em torno do assassino em série.

    “Quando você expõe a história de vida do criminoso, você acaba gerando empatia por ele. É como se as atitudes dele fossem justificadas pela história difícil. O que não é verdade. Muitas pessoas passaram por histórias difíceis, mas a maioria não vai cometer crimes como ele [Jeffrey Dahmer] cometeu”, alegou o dr. Leonardo Rodrigues da Cruz, médico psiquiatra, ao Metrópoles.

    No caso de Tremembé, o teor do crime cometido pelo assassino “famoso” também é relevante. Elize Matsunaga, por exemplo, condenada por assassinar e esquartejar o marido, ganhou o coração do público e uma série de fãs no X, antigo Twitter, que alegam, em grande maioria, simpatizar com a assassina pelos abusos que ela sofreu do empresário.

    terminei de assistir tremembe e realmente o único erro da elize foi ter sido pega pic.twitter.com/cxxDtWMeHv

    — dra bruna hime (@himebruna) November 2, 2025

    “Quanto mais brutal ou inusitado o crime, mais ele rompe com a norma e expõe o que todos temem reconhecer: a violência é parte da condição humana. O público se interessa não apenas pelo sangue ou pelo choque, mas pelo mistério de como alguém se torna capaz de atravessar um limite que todos, em algum grau, conhecem internamente”, garante Barazetti.

    Ana Cristina, coordenadora do curso de psicologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), aponta que a liberdade criativa ofertada pela ficção pode gerar controvérsia em quem assiste. “É muito perigoso as pessoas acreditarem em tudo o que está ali, como se fosse um fato”, afirma.

    O que isso diz sobre o público?

    Quanto aos fãs de true crime, Patrícia Barazetti garante que “o público não consome apenas a história do outro, ele tenta entender os mecanismos que o afastam daquilo que teme se tornar”.

    O true crime oferece uma experiência de catarse social, permite reconhecer o caos humano sem precisar vivê-lo.

    Patrícia Barazetti

    “O contentamento do público faz parte do contentamento do autor e o olhar voyeurista da plateia compõe a cena. Não é por acaso que muitos desses criminosos se tornam celebridades, as ‘vedetes’ da atualidade. O caso do Maníaco do Parque, que chegou a ser recordista no recebimento de cartas no presídio, mostra o quanto o olhar do público é essencial nesse jogo”, finaliza Henderson.

    8 imagensMarina Ruy Barbosa (Suzane von Richthofen), Letícia Rodrigues (Sandrão) e Carol Garcia (Elize Matsunaga) em TremembéMarina Ruy Barbosa como Suzane von Richthofen em TremembéMarina Ruy Barbosa, Leticia Rodrigues e Carol Garcia em TremembéMarina Ruy Barbosa, Leticia Rodrigues e Carol Garcia em TremembéTremembéFechar modal.1 de 8

    Letícia Rodrigues (Sandrão), Marina Ruy Barbosa (Suzane von Richthofen) e Carol Garcia (Elize Matsunaga) em Tremembé

    Divulgação/Prime Vídeo2 de 8

    Marina Ruy Barbosa (Suzane von Richthofen), Letícia Rodrigues (Sandrão) e Carol Garcia (Elize Matsunaga) em Tremembé

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    Marina Ruy Barbosa como Suzane von Richthofen em Tremembé

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    Marina Ruy Barbosa, Leticia Rodrigues e Carol Garcia em Tremembé

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    Marina Ruy Barbosa, Leticia Rodrigues e Carol Garcia em Tremembé

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    Tremembé

    Divulgação7 de 8

    Carol Garcia interpreta Elize Matsunaga em Tremembé. Inicialmente condenada a 16 anos e onze meses de prisão pelo assassinato de seu então marido, Marcos Matsunaga, em 2012, Elize teve sua pena reduziada a 16 anos e três meses

    Divulgação/Prime Video8 de 8

    Prime Video Divulga Teaser, Primeiras Imagens e Cartazes de Tremembé

    Divulgação/Prime Video

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