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Voepass: mecânico expõe problema na manutenção de avião que caiu em SP

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Um ex-mecânico da Voepass revelou ao Fantástico, nesse domingo (16/3), que a empresa aérea, que teve as operações suspensas por falta de segurança pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), na última terça-feira (11/3), realizava uma série de irregularidades nas manutenções das aeronaves.

Inclusive no avião do voo 2283 da companhia, que ficou nacionalmente conhecido após a tragédia aérea do dia 9 de agosto de 2024, quando o avião caiu sobre Vinhedo (SP) e todas as 62 pessoas que estavam na aeronave morreram.

O homem chegou a afirmar que “já sabia” que a tragédia iria acontecer. “Era o avião que dava mais problemas, que mais dava mais pane. A gente avisava que o avião estava ruim. A manutenção sabia, a manutenção reportava, falava, avisava, e eles [ele se refere à alta chefia do centro de controle de manutenção da Voepass] queriam obrigar a gente a botar o avião para voar.”


O que afirma o ex-mecânico

  • De acordo com o homem, que afirma ter trabalhado em outras empresas aéreas, a “Voepass não dá suporte nenhum para a manutenção”. Ele conta que faltam até ferramentas.
  • O ex-mecânico, que trabalhou na empresa antes e após a tragédia, conta que nada mudou após a queda da aeronave. “Mudou em nada. Acho até que piorou“.
  • Quando questionado sobre imagens dos aviões parados em um matagal, ele conta que as aeronaves são desmontadas aos poucos para fornecer peças às aeronaves ainda em operação. A pratica não é necessariamente um problema, mas, segundo o ex-funcionário, no caso da Voepass era feita de modo irregular.
  • O homem, por fim, chega a denunciar que a empresa escondia aviões da Anac. “Aqueles aviões que estavam cobertos, aqueles eram os aviões que estavam no mato. Por que eles mandaram cobrir? Porque a Anac ia fazer uma vistoria lá. Eles estavam escondendo da Anac“, disse.

As famílias das vítimas se uniram em outubro de 2024 e criaram uma associação para acompanhar as investigações do acidente e dar assistência emocional e jurídica aos familiares. Em entrevista ao Metrópoles, Maria de Fátima, mãe da médica residente Arianne Albuquerque Risso, uma das vítimas do acidente, afirmou, na época, que a associação buscam resposta para o que chama de “tragédia anunciada” e “crime premeditado”.

“O luto tem se transformado em luta. Não foi uma fatalidade, não foi um acidente, foi um crime premeditado, no sentido de tragédia anunciada. Essas aeronaves [da Voepass] já não tinham mais condições de voar. Além dessa dor infinita, quase que insuportável, nós temos a revolta, a indignação. Queremos respostas”, desabafa.

O que diz a Voepass

Em nota ao Fantástico, a Voepass afirma que pretende retomar suas atividades o mais rápido possível e que, durante seus 30 anos de operação, a segurança sempre foi prioridade máxima.

Segundo a companhia, o relatório preliminar do Cenipa conformou que a aeronave do voo 2283 estava com certificação válida e todos os sistemas em funcionamento.

Sobre a manutenção das aeronaves, a Voepass defende que a reutilização dos componentes entre aviões é legal quando há certificação e rastreabilidade adequadas.

A empresa contesta, por fim, denúncias de irregularidades, afirmando seguir todos os protocolos regulatórios. Sobre os aviões envelopados, diz que nunca burlou fiscalizações.

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