Em um mundo em que a tecnologia trouxe, até o momento, as lives de NPC, parece quase exótico pensar em um mundo no qual seria possível alterar os genes e turbinar a humanidade. Essa premissa chegou na ficção científica e é o tema de Upgrade (Ed. Intrínseca), novo romance do escritor Blake Crouch.
Acostumado a misturar drama, conceitos científicos e uma trama ágil, Blake Crouch trabalha essas característas em Upgrade. No livro, Logan Ramsay é um agente da Agência de Proteção Genética que tem seus genes hackeados, tornando-se mais forte, inteligente… quase um super-herói.
Em um momento no qual a humanidade lida com fenômenos como live de NPC, crise climática e alguns outros desafios, editar o genoma com o fim de melhorar as habilidades parece convidativo. Será que estamos perto de viver o que o livro propõe?
“Estamos muito distantes disso. Atualmente, é quase impossível fazer mudanças tão específicas nos genes como as propostas no livro”, diz Blake Crouch, em entrevista ao Metrópoles. O autor ainda falou o que “editaria” nele mesmo. “Eu adoraria precisar dormir menos e aumentar a longevidade”, completa.
Como transformar um assunto tão complexo – que, Blake revela, o assusta um pouco – em um livro bestseller? Para o escritor, a solução é investir em estilo muito presente em seus outros sucessos, como Recursão e Matéria Escura.
Blake Crouch lança o livro Upgrade
“Tem uma parte do livro que é sobre ciência, sobre genética, mas eu queria escrever uma saga familiar, que é bastante disfuncional, conflituosa”, explica Crouch.
Na trama, os irmão Logan e Kara precisam, cada um à sua maneira, lidar com o peso de serem filhos de Miriam Ramsay, uma das mais geniais e controversas cientistas de sua geração.
“Eles sofreram muitos traumas e uma tragédia recente, o que moldou a forma como a Miriam enxerga as coisas. Não vou explicar muito para não dar nenhuma spoiler, porém, no fundo, é um pouco sobre a relação mais complicada que existe, aquela entre mães e filhos”, diz o autor.
Contexto político
Blake Crouch revela que o início da do processo de escrita do livro começaram durante os anos de governo de Donald Trump. A gestão do ex-presidente é alvo de duras críticas por parte do autor.
Essas críticas tornaram-se, então, os fundamentos que guiam uma das personagens do livro – que defende um certo tipo de “superioridade” dos humanos “modificados”.
“Eu comecei a escrever durante os obscuros anos Trump, quando os Estados Unidos repentinamente mergulhou no fascismo, no racismo e um pensamento restrito”, opina Crouch.
“Durante esse período, eu tinha muita raiva. Tinha uma parte de mim que queria lançar um upgrade que fizesse meus compatriotas tirarem a cabeça de dentro da terra e passassem a enxergar a humanidade com compaixão e amor. Por isso, alguns personagens no livro pensam de forma similar”, pondera o autor.
Adaptações de Upgrade
Após o lançamento do livro, Blake Crouch antecipa que, nos próximos anos, é possível que Upgrade se torne um produto audiovisual – caminho já seguido por Matéria Escura, que ganhará adaptação na Apple TV+ com Alice Braga no elenco.
“Vendi os direitos do livro, há cerca de um ano e meio, para a Amblin, de Steven Spielberg, e eles me contrataram para fazer o roteiro. Assim que a greve dos roteiristas acabar, eu espero voltar a trabalhar nesse projeto”, antecipa.