Dentre os diversos benefícios da musculação para a saúde está o alívio de um problema bastante comum: a dor lombar crônica. É o que aponta um estudo da Universidade de São Paulo (USP) publicado em fevereiro no Journal of Physical Education and Sport.
O trabalho foi tese de doutorado do profissional de educação física e pesquisador Eduardo Borges, na Escola de Educação Física e Esporte da USP
A pesquisa acompanhou 31 homens e mulheres com dor lombar crônica, aquela que dura mais de 12 semanas, com idades entre 20 e 59 anos.
Os voluntários foram separados em dois grupos: um participou de uma única sessão de treinamento; os outros continuaram sendo avaliados ao longo de oito semanas, em duas sessões semanais com 30 minutos cada.
Os treinos de resistência tinham intensidade moderada e consistiam em cinco exercícios para a região do core — que compreende os músculos de abdômen, quadril, pelve e lombar. Os resultados apontaram benefícios desde a primeira sessão.
Após os dois meses de treinamento resistido, os participantes apresentaram melhoras na mobilidade do tronco e alterações importantes, como a redução da incapacidade funcional e da dor.
“Eles saíram de 7 na escala de percepção de dor para 1. A sua incapacidade funcional saiu de uma escala considerada de alta a moderada, com 27%, para baixa, com 7% no final do estudo”, conta Borges à Agência Einstein.
O efeito benéfico dos exercícios sobre a dor se deu porque, além de fortalecerem a musculatura do core, que ajuda a dar sustentação para as costas, os movimentos trabalharam em especial os músculos eretores da coluna, proporcionando força e resistência a eles.
Esses músculos são os que mais apresentam fraqueza em pessoas acometidas pela dor lombar crônica. “Como esses movimentos fortalecem a musculatura lombar, diminuem a pressão sobre os discos e articulações da coluna, além de prevenir lesões musculares”, acrescenta o ortopedista Luciano Miller, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Problema em crescimento
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor lombar é a principal causa de incapacidade no mundo. Entre 1990 e 2020, houve um aumento de 60% na incidência da dor lombar crônica, o que significa que uma em cada 13 pessoas (ou seja, 619 milhões de indivíduos) sofreu com o quadro. E a previsão é de que, até 2050, o número de casos aumente para 843 milhões, segundo a OMS.
Mas, para a musculação de fato apresentar resultados benéficos, alguns cuidados são essenciais. Antes de qualquer coisa, é indicado marcar uma consulta com um médico para verificar o que está provocando a dor.
“Geralmente, ela é causada pela fraqueza nos músculos eretores da coluna desencadeada pelo sedentarismo, mas também pode estar relacionada a problemas como hérnia de disco e tumores, para os quais esse tipo de treinamento não é indicado”, alerta Borges.
O médico do Einstein também alerta para a importância da execução correta e intensidade adequada dos movimentos. “Do contrário, podem causar lesões musculares, nos discos da coluna e nas articulações”, adverte Miller. Por isso, o acompanhamento de um profissional de educação física é sempre bem-vindo.
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