A senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura na gestão de Jair Bolsonaro (PL), disse nesta terça-feira (15/7) que a Lei da Reciprocidade Econômica só deve ser usada “como último recurso” e quando “todos os caminhos diplomáticos” forem esgotados. A senadora se referia aos Estados Unidos, que anunciou uma taxação sobre produtos brasileiros.
“É uma ferramenta de defesa e não de confronto. Então, ela deve ser usada com responsabilidade como último recurso, quando todos os caminhos diplomáticos forem esgotados. E nesse caso dos Estados Unidos, ainda há espaço [de diálogo]”, argumentou.
Tereza Cristina foi relatora da reciprocidade econômica no Senado e reafirmou nesta terça que a lei não foi criada pensando nos norte-americanos.
“Como relatora da lei da reciprocidade econômica, sancionada em abril, votada por unanimidade, eu tenho deixado claro, que essa lei não foi criada pensando nos Estados Unidos. Ela foi elaborada para o Brasil ter um instrumento firme de negociação diante das práticas discriminatórias que já enfrentamos, especialmente lá no passado, da União Europeia”, destacou.
Leia também
-
Tarifaço: Tarcísio evita imprensa após reunião fechada com empresários
-
Alckmin reúne empresários e anuncia esforço para reverter tarifaço
-
Atlas/Bloomberg: aprovação de Lula tem alta após tarifaço de Trump
-
Tarifaço: Lula mira 2026 ao escalar Alckmin para buscar empresários
As declarações se deram durante audiência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado que discutiu a tarifa de 50% anunciada pelo governo norte-americano contra os produtos brasileiros.
No fim da reunião, o colegiado aprovou a criação de um grupo de trabalho com o objetivo de criar diálogo com senadores e agentes do governo dos Estados Unidos a fim de adiar qualquer possível taxação entre os dois países. A criação do grupo ainda precisa do aval do plenário do Senado para valer.
Mourão: “Não aceito que Trump venha meter bedelho”
Na mesma reunião, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi vice-presidente na gestão de Jair Bolsonaro (PL), disse que “não aceita” que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “venha meter o bedelho” em questões internas do Brasil.
“Da mesma forma, caros colegas, que não aceito que o Macron, que a Greta Thunberg, que o Leonardo DiCaprio, venham meter a mão em coisas aqui do Brasil, eu também, e aí o senador Humberto Costa (PT-PE), somos oposição um ao outro, mas eu não aceito que o Trump venha meter o bedelho num caso aqui que é interno nosso”, declarou o ex-vice-presidente. Veja:
Mourão disse que existe uma “injustiça” no processo contra Bolsonaro pela trama golpista, mas declarou que isso é uma questão que deve ser resolvida pelos brasileiros, e não por estrangeiros.
“Há uma injustiça sendo praticada contra o presidente Bolsonaro? Há uma injustiça sendo praticada. Mas compete a nós, brasileiros, resolvermos isso”, argumentou o senador.
Além de senadores, participaram da audiência:
- embaixador Philip Fox, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty;
- Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura;
- Jefferson de Oliveira Gomes, Diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação na Confederação da Indústria (CNI); e
- Michel Platini Juliani, presidente da Associação Brasileira dos Importadores (Abimp).