Considerado um dos líderes do Comando Vermelho (CV) em Mato Grosso, Janderson dos Santos Lopes está foragido após ser solto durante o plantão de Carnaval. O alvará de soltura foi assinado pela juíza plantonista da 1ª Vara Criminal de Primavera do Leste Luciana Braga Simão Tomazetti, mas apesar de a decisão ter sido revogada em segunda instância, ele já havia deixado a cadeia de Primavera do Leste antes da nova medida judicial.
Lopes possui uma extensa ficha criminal, respondendo por tráfico de drogas, porte e posse ilegal de arma de fogo, lavagem de dinheiro, uso de cédulas falsas e organização criminosa.
O criminoso já havia sido alvo de uma operação da Polícia Civil de Mato Grosso (PCMT) em julho do ano passado. Na época, foi descoberto que ele comandava um esquema financeiro do tráfico de dentro da cadeia, com a conivência do então diretor da unidade prisional.
Segundo as investigações, o chefe do Comando Vermelho atuava junto com a esposa em crimes de lavagem de dinheiro, tráfico e associação para o tráfico. Outros dois suspeitos, apontados como sócios de uma empresa de transportes da qual ele tinha procuração, foram indiciados pelos mesmos crimes.
Mesmo cumprindo pena de 39 anos, Lopes gozava de privilégios na cadeia. Ele chegava a deixar a unidade durante o dia dirigindo o próprio carro para administrar bens adquiridos ilegalmente, como uma transportadora, uma loja de materiais de construção, imóveis e propriedades rurais. Só retornava à prisão à noite.
Patrimônio milionário
Antes da operação de julho de 2023, Lopes já havia sido alvo de outras duas investigações. De dentro da prisão, acumulou um patrimônio milionário, incluindo uma frota de caminhões e semirreboques para a Transportadora Lopes, imóveis em Cuiabá (MT), Primavera do Leste (MT) e Poxoréu (MT), além de veículos de luxo e criação de gado.
Entre fevereiro de 2022 e novembro de 2023, movimentações financeiras ligadas ao criminoso variaram entre R$ 485 mil e R$ 24 milhões. Os valores transitaram entre os próprios investigados e também foram enviados para contas de presos e seus familiares, segundo relatório de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
