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    HomeEntretenimentoRap e funk sofrem com conservadorismo, mas ampliam espaço no Grammy

    Rap e funk sofrem com conservadorismo, mas ampliam espaço no Grammy

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    Artistas do rap, do trap e do funk se tornaram destaques nas plataformas musicais e conquistaram uma legião de fãs pelo Brasil. Mesmo com o reconhecimento do povo, os acessos a premiações renomadas, como o Grammy Latino, ainda é restrito e conservador.

    Em 2025, nomes como Djonga, BK’ e MC Hariel foram indicados a premiação, mas o fato dos artistas terem sido selecionados por faixas em que contam com colaborações de cantores da MPB chama atenção.

    BK’ foi indicado pela música Só Quero Ver, com a cantora Evinha. Djonga ascendeu ao Grammy Latino com a parceria com Milton Nascimento em Demoro A Dormir. MC Hariel, por sua vez, contou com Gilberto Gil e está no prêmio com o single A Dança. Segundo o jornalista, escritor e pesquisador Adailton Moura, as indicações são um reflexo do atual cenário musical.

    “Essas parcerias são importantes para levar determinado gênero para outro ambiente. Hoje, as cenas musicais estão cada vez mais diluídas. Então, se aliar à MPB é uma boa estratégia para se destacar, tendo em vista que ela é mais ‘palatável’ para os ouvidos conservadores da maioria dos membros votantes da Academia do Grammy”, explica.

    3 imagensMilton Nascimento e DjongaEvinha e BK'Fechar modal.1 de 3

    Gilberto Gil e Hariel

    Divulgação/Renan Miranda2 de 3

    Milton Nascimento e Djonga

    Reprodução3 de 3

    Evinha e BK’

    Reprodução

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    As músicas foram indicadas na categoria Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa, o que também gera controvérsia entre a cadeia musical. Nos Estados Unidos, por exemplo, artistas como Tyler The Creator questionam a utilização da nomenclatura “música urbana” como uma forma de colocar artistas negros em uma caixinha nas premiações.

    Para o curador musical e youtuber Pietro Reis, isso se reflete no Brasil. Ele acredita que estilos como o funk e o rap deveriam ter categorias próprias.

    “Acho que não é um erro afirmar que o tratamento é diferente. Eu vejo que essa ‘música urbana’ está tendo cada vez mais espaço e que, de certa forma, as pessoas veem nesses feats com grandes medalhões da MPB uma certa validação do trabalho desses artistas. Mas eles não precisam dessa validação, por si só eles têm feito trabalhos incríveis”, inicia.

    “Esses artistas podem ser olhados com mais carinho pelas premiações, mas entendo e vejo que o espaço que eles estão alcançando é cada vez maior”, afirma.

    Mais visibilidade em premiações

    O crescimento dos funk, trap e rap é evidenciado com as indicações de BK’ em Melhor Vídeo Musical Versão Curta e de Djonga em Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa. Porém, as categorias em que os rappers foram indicados ainda soam genéricas para um estilo tão popular no Brasil, como protesta Adailton Moura.

    “Como não dá para ignorar esses gêneros, que são os mais consumidos no mundo, a Academia teve que criar uma forma de inseri-los em suas premiações. Não é o ideal, mas também mostra o poder que esses gêneros possuem. Mas, pensando que cada gênero possui características e pela representatividade de cada um dentro da indústria, o mais viável seria que estivessem em categorias diferentes, o que daria também mais possibilidade para que outros artistas participassem da disputa.”

    Pietro Reis, por outro lado, pontua a dificuldade do próprio ouvinte brasileiro em reverenciar a música nacional, dificultando o crescimento dos artistas brasileiros em premiações mais renomadas que englobam um continente inteiro.

    “É difícil dizer o que falta para que as indicações sejam ampliadas. Precisamos entender o funk como arte, em suas nuances e complexidades. Nem o brasileiro médio entende que o nosso funk é riquíssimo, por exemplo. Por que a gente esperaria que alguém lá de fora fosse dar esse valor ao gênero? Com o tempo, a notoriedade de outros artistas do gênero vai aumentar, a qualidade também, e eles eventualmente vão alcançar mais indicações”, reflete.

    Celebração contida

    Os artistas também falaram sobre as indicações ao Grammy Latino. MC Hariel celebrou a oportunidade, mas fez lobby para mais espaços para o funk, gênero que canta desde o início da carreira.

    “Cada música que faço carrega uma parte da minha história e da minha comunidade. Essa indicação mostra que o funk, nossa cultura, tem espaço e merece ser celebrado em qualquer lugar do mundo”, afirma.

    Djonga, por sua vez, foi ainda mais contido ao falar sobre a presença na premiação e fez questão de ressaltar toda a luta que teve para ser indicado, mesmo com o grande reconhecimento nacional há anos.

    “Eu estou muito feliz mesmo com a indicação. Mas penso também no momento que a gente vive, de como a arte tem sido tratada. Então, pra fazer o que a gente faz é muita luta. Talento eu nem sei se eu tenho, mas luta… luta eu tenho demais. É luta atrás de luta… a palavra é essa. O Grammy está lá, é meio que uma coroação. Só estar lá já é muito legal. Parece que mostra, pelo menos, que essa luta vale a pena. Mas eu vejo como uma coisa no meio de várias outras”, completa.

    A cerimônia do Grammy Latino está marcada para 13 de novembro, na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas, nos Estados Unidos. No total, 60 categorias estarão em disputa.

    Willian Carvalho de Menezes
    Willian Carvalho de Menezes
    Jornalista Profissional (0014562/DF) e fotojornalista com 20 anos de experiência na cobertura de fatos que marcaram o Distrito Federal e o Brasil. Atualmente estou à frente do portal Clique DF, onde combino meu olhar jornalístico com a sensibilidade da fotografia para informar com responsabilidade, profundidade e compromisso com a verdade.

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