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    HomeBrasiliaQuadras no escuro: falta de iluminação na Asa Norte assusta moradores

    Quadras no escuro: falta de iluminação na Asa Norte assusta moradores

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    Moradores das quadras finais da Asa Norte, também conhecida como ponta norte, reclamam da falta de iluminação pública que tomou conta das ruas. O Metrópoles percorreu alguns locais em que a escuridão traz consigo o receio de quem vive próximo ou precisa passar por esses pontos.

    O primeiro local visitado foi o complexo viário Governador Roriz, que fica logo após a Ponte do Bragueto. Por lá, vários postes de iluminação pública estão apagados e, quem passa por ali durante a noite, só tem algum tipo de luz quando os carros passam, iluminando a via momentaneamente.

    Quem passa por lá diariamente afirma que os postes estão desligados desde que a obra foi inaugurada. A reportagem ficou no local durante cerca de uma hora e, talvez por medo, ninguém passou pelo ponto, seja a pé ou de bicicleta.

    Perto dali, nas quadras finais da Asa Norte, moradores reclamam que a escuridão atrai pessoas em situação de rua e que alguns acabam se aproveitando da situação para cometer delitos, como furtos e assaltos.

    O prefeito da 416 Norte, Ronaldo Weigand, relatou que, ao longo dos anos, abriu inúmeros protocolos de reclamação na Companhia Energética de Brasília (CEB) e vem orientando os moradores da quadra a fazer o mesmo. “No último domingo (19/10), uma equipe esteve na quadra e consertou a iluminação. Só que, uma hora depois, choveu e a luz pifou novamente. Seguimos no escuro. É inacreditável a ineficiência do serviço”, lamentou.

    Um ofício enviado ao Ministério Público do DF (MPDFT) pela prefeitura da 416 Norte mostra que os moradores do local já abriram, pelo menos, 22 protocolos na CEB, por causa da falta de iluminação pública.

    Morador da quadra há três anos, Luís Felipe Ramos afirmou que a falta de iluminação é frequente.  “Graças a Deus, nunca ocorreu nada comigo, mas já ouvi relatos de assaltos e outros tipos de crimes”, comentou.

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    Luís  destacou que a presença policial é escassa na região. “À noite, então, é ainda menor. Há rondas de uma empresa contratada pela prefeitura da quadra, mas não são suficientes. Próximo daqui, há uma comunidade, e muitos usuários de drogas se reúnem nela”, pontuou.

    Na 216 Norte, não é diferente. Mariana Rigo, que mora no local há 42 anos, contou à reportagem que, desde sempre, convive com a recorrente falta de iluminação pública na região. “A sensação de vulnerabilidade é grande. Há muitos moradores de rua, principalmente nas extremidades da área norte. Recentemente, enquanto mexia no celular, uma senhora em situação de rua ficou me encarando, o que me causou medo”, comentou.

    Segundo ela, além dos relatos de ataques ou assaltos, há muitas pessoas com comportamentos inadequados, fazendo gestos obscenos. “Tememos muito pela segurança das crianças, por isso, não as deixamos sozinhas”, afirmou.

    Furtos

    O aumento do número de moradores de rua que ocupam os espaços livres e perambulam pelas quadras e comércios locais também é motivo de preocupação. “É impossível entrar no supermercado, na padaria e até no salão sem ser incomodada por eles. Outro dia entrei na farmácia e o cara entrou junto comigo e ficou pedindo entre as gôndolas. Me senti intimidada e comprei o desodorante que ele queria”, ressaltou uma moradora, que não quis se identificar.

    Para Marivand Maia, síndico de um dos prédios da 416, falta policiamento e sobram meliantes nas ruas. Segundo ele, o baixo policiamento da região é um dos principais fatores para o aumento da sensação de insegurança e para o acúmulo de incidentes que vêm acontecendo.

    O síndico relatou que, recentemente, o prédio em que mora e atua como gestor foi depredado, em plena luz do dia. Ao consultar as câmeras, ele identificou que uma pessoa em situação de rua furtou as canaletas que ficavam presas nas paredes externas. “Ele tirou algumas, por volta do meio-dia, depois voltou, às 16h, para levar o restante. Sobraram paredes descascadas. Todos os dias temos notícias de lâmpadas roubadas, vasos quebrados e todo tipo de estragos”, desabafou.

    O adolescente Rafael Augusto, de apenas 14 anos, disse ao Metrópoles que fica com medo, sempre que faz o caminho de volta para casa. Estudante do período vespertino, ele faz o caminho de bicicleta e contou que as ruas são muito escuras. “É muito perigoso. Tem muitas pessoas em situação de rua e, algumas delas, ficam nos encarando, como se fossem fazer algo com a gente. Dá medo”, pontuou.

    6 imagensLuís Felipe sente medo ao passear com o seu cachorro, na 416 NorteMoradores precisam conviver com a escuridãoCrianças brincam em parquinho escuro e somente com a presença de responsáveisPoste com fiação exposta, após ser alvo de vandalismoQuadra de esportes da Asa Norte sem iluminaçãoFechar modal.1 de 6

    Apenas os fárois dos carros iluminam complexo viário da Asa Norte

    KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo2 de 6

    Luís Felipe sente medo ao passear com o seu cachorro, na 416 Norte

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    Moradores precisam conviver com a escuridão

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    Crianças brincam em parquinho escuro e somente com a presença de responsáveis

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    Poste com fiação exposta, após ser alvo de vandalismo

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    Quadra de esportes da Asa Norte sem iluminação

    KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

    Respostas

    Procurada pela reportagem, a CEB IPes informou, por meio de nota, que, além dos furtos de cabos de iluminação registrados nos últimos dias, em várias quadras 700 da Asa Norte, especialmente na 715 e 716, as obras de de revitalização causaram rompimento dos circuitos de iluminação pública, comprometendo a prestação de serviço. “As equipes de manutenção da companhia trabalham desde o final de semana na região para fazer os reparos necessários”, afirmou a companhia.

    Sobre a reclamação da falta de policiamento, o tenente-coronel Michello, comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar, que cuida da Asa Norte, disse ao Metrópoles que, durante os seus três primeiros meses de comando, todos os índices criminais da região diminuíram.

    O tenente-coronel afirmou que, apesar dos grandes desafios, como legislação inadequada, ocorrências fortuitas, usuários de substâncias ilícitas e desordem social, “a Polícia Militar tem buscado alternativas para mitigar esses problemas e melhorar a segurança na região Norte”.

    “Os furtos despencaram, se compararmos os meses do ano de 2024 com 2025, em julho de 89 para 53 casos, em agosto, de 87 para 54, e, em setembro, de 119 para 55. O que tem proporcionado essa constante queda foi o fortalecimento da Rede de Vizinhos Protegidos, em que a população participa das ações de segurança de uma forma ativa”, detalhou.

    Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF) disse que atua em conjunto com outras pastas, por meio do Plano Distrital para a População de Rua, pioneiro no Brasil, para criar vínculos, prestar atendimento, desenvolver autonomias e acelerar o processo de saída das pessoas das ruas no Distrito Federal.

    De acordo com a Sedes, o plano é composto de medidas integradas, como ações de acolhimento, em que vários órgãos visitam pontos de concentração da população de rua de nas regiões administrativas para ofertar acolhimento, atendimentos, benefícios e/ou encaminhar para as diversas políticas públicas, como capacitação, emprego e renda, saúde, além de habitação.

    “A secretaria acompanha, sistematicamente, as pessoas em situação de rua do DF, sobretudo das quadras 15 e 16 da Asa Norte. Essa atuação inclui evolução de atendimento, em que são ofertados, além do acolhimento em unidades permanentes e possibilidade de pernoite no Hotel Social, benefícios e encaminhamento para outras políticas”, ressaltou a nota, frisando que não há remoção de pessoas em situação de rua.

    “O nosso papel é garantir o acesso dessa população à rede de proteção social do Distrito Federal, o que tem sido tratado de forma transversal por meio do plano.” A nota afirmou que qualquer cidadão pode colaborar com o mapeamento da população em situação de rua no DF, por meio do canal Participa DF (participa.df.gov.br).

    “Ao informar a localização e outras características da situação observada, a população contribui diretamente com o planejamento das ações para garantir proteção, acolhimento e oportunidades de desenvolvimento para quem mais precisa”, finalizou a Sedes.

    Willian Carvalho de Menezes
    Willian Carvalho de Menezes
    Jornalista Profissional (0014562/DF) e fotojornalista com 20 anos de experiência na cobertura de fatos que marcaram o Distrito Federal e o Brasil. Atualmente estou à frente do portal Clique DF, onde combino meu olhar jornalístico com a sensibilidade da fotografia para informar com responsabilidade, profundidade e compromisso com a verdade.

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