O PSol enviou, nesta quarta-feira (16/7), uma representação contra o deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. Durante a sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara, na terça (15/7), Fahur disse que “se tiver um filme que o Pastor Henrique [Vieira, do Psol-RJ] apanhe, eu quero ser o policial que bate”.
A fala do deputado bolsonarista se dá em referência ao filme Marighella (2019), no qual o psolista protagoniza um frei dominicano que atuou contra a ditadura militar. Fahur presidia a comissão no momento da declaração.
A comissão de Segurança Pública discutia um projeto para proibir estabelecimentos comerciais dentro de presídios quando o deputado federal Alberto Fraga (PL-DF) mencionou a participação de Henrique Vieira no longa-metragem. Disse que depois de assistir à cena em que a personagem é torturada por policiais para entregar Marighella, “não parou de rir”.
“Eu estava em casa e não parei de rir, pastor Henrique. Como é que pode, o pastor ser ator do filme Marighella e, no filme, o personagem que ele exerce sofre nos tempos do DOI-CODI. Leva bastante cacetada da polícia e é obrigado a fazer uma delação (…) trouxe aqui e recomendo que assistam”, disse.
Depois de ser citado, o psolista pediu um momento de fala a Fahur, que disse “eu vou permitir, mas se tiver um filme que o Pastor Henrique apanhe, eu quero ser o policial que bate, mas é só um filme”. Henrique Vieira pede, então, para parar a orientação, mas é atropelado por Fahur.
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“Eu sei que o senhor não adora me ouvir falar. E que bom, eu me sentiria muito preocupado se eu fiz algo de errado. A fala de vossa excelência como deputado é absurda e como presidente mais absurda ainda. O que o senhor disse é violento, uma ameaça e desrespeitoso”, declarou.
Fahur, interrompendo, disse que “detesta” ouvir o deputado de esquerda falar e que o seu comentário era “só sobre o filme”.
“A fala reveste-se de inaceitável carga ofensiva, com uma ameaça velada: o Deputado Fahur manifesta – ainda que de forma cínica – a vontade de agredir fisicamente o Deputado Pastor Henrique Vieira. O ataque não teve qualquer relação com o conteúdo político dos discursos anteriores, assumindo nítido caráter pessoal”, diz o requerimento do Psol.
“Brincadeira”
Ao Metrópoles, o Sargento Fahur disse que o comentário foi “uma brincadeira”. “Achei que seria tranquila a brincadeira e em nenhum momento tive qualquer intenção de ameaçar ou ofender o pastor. Entrei no clima da fala do deputado Fraga que era bem tranquila e brincalhona e jamais imaginava essa repercussão e que o pastor ficasse tão ofendido”, declarou. Sobre o requerimento do Psol, disse que o documento é um “direito” do partido.