A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou a primeira alternativa caseira ao exame de papanicolau no país.
A decisão foi anunciada na última sexta-feira (10/5) e representa uma mudança importante na forma como é feito o rastreamento do câncer de colo do útero, com o objetivo de ampliar o acesso e facilitar a adesão ao exame.
Câncer de colo do útero
- O câncer de colo do útero se desenvolve nas células da parte inferior do órgão, chamada colo uterino.
- É o tumor ginecológico mais comum no Brasil e a causa mais comum de morte por câncer em mulheres na América Latina.
- A maioria dos casos está relacionada à infecção pelo vírus HPV.
- Na fase inicial da doença, também conhecida como câncer cervical, geralmente não há sintomas.
- No entanto, à medida que o câncer progride, podem ocorrer sangramento vaginal irregular, corrimento com mau cheiro ou cor diferente, dor pélvica durante a relação sexual, entre outros sintomas.
Como funciona o novo teste de papanicolau?
O dispositivo aprovado é o Teal Wand, desenvolvido pela empresa Teal Health. Ele permite que mulheres de 25 a 65 anos façam a coleta da amostra vaginal em casa, com o auxílio de um aplicador semelhante a um cotonete com uma esponja na ponta, após uma consulta virtual com um profissional de saúde.
O material coletado deve ser enviado a um laboratório, onde será feito o teste de detecção do papilomavírus humano (HPV), responsável por quase todos os casos de câncer de colo do útero. Se os resultados indicarem alterações, a paciente é orientada a procurar atendimento presencial.
O teste usado nas amostras caseiras é o cobas HPV, o mesmo utilizado por médicos em clínicas. Ele tem alta precisão e é recomendado pelas diretrizes médicas dos EUA para o rastreamento primário do HPV.
Atualmente, o rastreamento do câncer de colo do útero é feito apenas em consultório, com o exame de papanicolau. O procedimento exige a introdução de um espéculo na vagina para a coleta de células do colo do útero — etapa que muitas mulheres consideram desconfortável ou dolorosa.
O incômodo, somado à dificuldade de agendar consultas, contribui para a baixa adesão ao exame. A proposta do autoexame em casa é justamente contornar essas barreiras e facilitar o acesso à triagem.
Decisão baseada em estudo
A aprovação do exame caseiro pela agência norte-americana foi baseada nos resultados do estudo SELF-CERV (NCT06120205), considerado o maior estudo comparativo sobre autocoleta para rastreamento do câncer cervical nos EUA. Foram incluídas 870 participantes de diferentes idades, etnias e perfis socioeconômicos, em 16 locais do país.
O estudo concluiu que as amostras coletadas pelas próprias participantes tiveram o mesmo desempenho na detecção de HPV de alto risco (hrHPV) que as amostras coletadas por profissionais de saúde. Além disso:
- 98% das mulheres conseguiram coletar uma amostra válida em casa;
- 94% disseram preferir o teste domiciliar;
- 86% afirmaram que manteriam os exames em dia se pudessem realizá-los em casa;
- 92% conseguiram fazer a coleta em menos de 5 minutos.
Os dados também mostraram que o método tem potencial para melhorar a cobertura do rastreamento em grupos com menor acesso aos cuidados médicos presenciais.
O dispositivo começa a ser distribuído nos Estados Unidos a partir de junho, inicialmente na Califórnia. A empresa fabricante pretende expandir para outras regiões do país nos meses seguintes. Ainda não há previsão de venda do exame fora dos EUA.
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