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Presidente da COP30 admite limites de sucesso da conferência no Brasil

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Em entrevista ao jornal francês Les Echos, o embaixador brasileiro André Corrêa do Lago, presidente da COP30, fala sobre as dificuldades de presidir a conferência do clima no atual contexto geopolítico internacional. Corrêa do Lago discursou na terça-feira (25/3) no 16º Diálogo Climático de Petersberg, um evento organizado pela Alemanha, em Berlim, em conjunto com o país que ocupa a presidência da COP.

Na entrevista, o embaixador brasileiro reconhece que a COP30 irá acontecer em um contexto particularmente complexo, uma vez que dois dos principais atores mundiais das negociações climáticas, os Estados Unidos e a União Europeia, reavaliam suas prioridades e se distanciam do combate às emissões de gases que causam o aquecimento global. Os investimentos europeus se voltam para a indústria da defesa, devido à guerra na Ucrânia, e os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, abandonaram pela segunda vez o Acordo de Paris.

Interrogado sobre o que poderia representar um sucesso na COP30 de Belém, Corrêa do Lago não foge da constatação de que será difícil cumprir a principal meta da conferência: obter de cada país a trilha das medidas concretas que irão adotar para alcançar os objetivos climáticos assumidos perante a ONU. A COP30 deveria explicitar a forma como o mundo irá passar dos atuais US$ 300 bilhões destinados ao financiamento da transição energética para o montante de US$ 1,3 trilhão considerado necessário, com maior contribuição dos países ricos para as nações em desenvolvimento. Mas já se antecipa que será missão impossível.

Diante da atual tendência de redução dos investimentos dos países ricos, o embaixador brasileiro diz que a COP30 vai abordar principalmente “a adaptação às mudanças climáticas e colocar em prática o que já está previsto no Acordo de Paris”. O evento em Belém vai tentar convencer o público a manter a confiança nas negociações multilaterais e se inteirar de progressos alcançados.

Saída dos EUA do Acordo de Paris

Em relação à decisão de Trump, Corrêa do Lago diz que o Brasil já recebeu sinais de que estados americanos e empresas que contam para o PIB dos Estados Unidos continuarão comprometidos com as regras do Acordo de Paris.

Por fim, questionado por Les Echos se não era difícil para o Brasil manter um discurso pró-clima sendo um país que desmata sua floresta e produz petróleo, Corrêa do Lago afirmou que o país tem “soluções extraordinárias” para enfrentar esses desafios, reconhecendo, no entanto, as dificuldades de envolver alguns setores da economia brasileira nessa luta.

Leia mais sobre o assunto em RFI, parceiro do Metrópoles.

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