Com o início do período chuvoso, os cuidados precisam ser redobrados na hora de fazer uma trilha ou curtir um passeio em alguma cachoeira. Isto porque, nesta época do ano, há um aumento significativo do volume de água nos rios e quedas-d’água, proporcionando um maior risco de acidentes.
Em julho, o Metrópoles revelou dados do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) apontando que, nos últimos três anos, os resgates em áreas de mata superaram até as ocorrências por afogamento e soterramento.
Só em 2024, foram 63 chamados para socorrer pessoas perdidas ou feridas em trilhas; em 2023, foram 55, e em 2025, até julho, pelo menos 39 registros. Por isso, o CBMDF orienta a população sobre os cuidados necessários ao visitar trilhas e cachoeiras.
Segundo o major Walmir Oliveira, assessor do Comando do Centro de Comunicação Social do CBMDF, o planejamento prévio e a observação constante das condições climáticas são fundamentais para garantir a segurança durante atividades em áreas naturais.
“As ocorrências mais comuns, durante o período chuvoso, são deslizamentos de terra, escorregamentos, quedas, afogamentos e cabeças d’água, que são enxurradas muito fortes e repentinas que podem ocorrer mesmo em pontos do rio onde não há chuva no momento”, explicou.
Memória
Em fevereiro deste ano, um jovem de 27 anos decidiu explorar uma trilha perto da cachoeira Véu da Noiva, no complexo Poço Azul, em Brazlândia. O drama começou quando ele perdeu o equilíbrio e caiu, machucando o pé esquerdo, sozinho não conseguia mais retornar da mata. O local era de difícil acesso, e o resgate precisou de cinco horas de esforço intenso para imobilizá-lo e levá-lo até o hospital.
No penúltimo dia de 2024, cinco turistas passaram por um verdadeiro sufoco, ao caminhar por uma trilha dentro do complexo Almécegas – que abriga três cachoeiras na Chapada dos Veadeiros (GO). Os amigos lutaram contra as águas para não serem arrastados pelas correntezas. Apesar do susto, o grupo não precisou ser resgatado.
Em junho de 2023, uma mulher de 26 anos, optou por praticar rapel na Cachoeira do Tororó. No entanto, um erro durante a descida resultou em uma queda de cerca de 18 metros, causando uma fratura exposta no tornozelo e um corte profundo no cotovelo. A complexidade do local exigiu um resgate que durou seis horas, com uso de tirolesa para retirar a vítima e transporte por trilha até a ambulância. Apesar do acidente, ela foi levada consciente e estável ao hospital.
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Três jovens, de 18, 21 e 22 anos, se perderam na mesma cachoeira, em novembro de 2022, e precisaram ser resgatados. Segundo os bombeiros, a equipe socorreu o trio já depois das 18h. A corporação foi acionada pela mãe de um dos jovens. A mulher disse que o filho ligou informando que se perdeu com a namorada e um amigo quando tentavam retornar para o carro de um deles, pois já estava escuro e acabaram pegando a trilha errada.
Em abril do mesmo ano, uma mulher de 54 anos, moradora do DF, teve de ser resgatada após se machucar durante uma trilha no Complexo de Cachoeiras do Bisnau, em Formosa (GO). Segundo informações do Corpo de Bombeiros, a turista teve um ferimento na perna ao escorregar e prender o pé em uma pedra.
Orientações de segurança
Para evitar acidentes como esses, o major Walmir Oliveira afirma que a principal dica é considerar não realizar esse tipo de atividade sozinho. “Busque sempre pessoas com experiência ou um guia especializado”, alertou.
Confira outras dicas do CBMDF:
- Verifique a previsão do tempo. Evite trilhas e cachoeiras em dias chuvosos;
- Informe-se sobre as condições do local. Prefira trilhas sinalizadas e abertas à visitação;
- Mantenha uma ou mais pessoas de confiança cientes do seu destino e horário de retorno (auxílio e escuta);
- Todos no grupo devem ser orientados sobre possíveis situações de emergência;
- Aprenda a utilizar aplicativos de navegação (orientação);
- Utilize calçados e roupas adequadas à atividade. Tenha capa de chuva. Considere utilizar bastões de caminhada;
- Tenha uma lanterna e um apito de boa qualidade. Considere levar um carregador portátil (powerbank) para o celular. Aprenda a economizar a carga do aparelho;
- Tenha e aprenda a usar um kit de primeiros socorros. Carregue água e alimento suficiente para o passeio e algum eventual contratempo;
- Utilize sacos plásticos ou similares para manter equipamentos e roupas impermeabilizados no interior da mochila;
- Ao se estabelecer no leito de um curso d’água identifique referências para o nível (onde a água alcança em um pedra ou árvore), profundidade (onde é possível atravessar andando ou nadando), transparência (límpida, turva, barrenta) e velocidade (correnteza forte ou fraca);
- Esteja atento a mudanças no tempo ou nas condições do local. Interrompa imediatamente a atividade e busque um local seguro;
- Sempre tenha em mente uma rota de fuga para alcançar um local seguro. Não perca tempo salvando bens materiais;
- Lembre-se que a formação da cabeça d’água pode ocorrer com chuva na cabeceira do rio, distante de sua posição;
- Evite atravessar riachos com correnteza, mesmo que pareçam rasos;
- Evite o exibicionismo. Tenha muito cuidado com selfies ou saltos de locais elevados;
- Durante tempestades, não busque abrigo sob árvores isoladas.
