Home Entretenimento Pecadores mistura blues, racismo e vampiros no sul dos EUA

Pecadores mistura blues, racismo e vampiros no sul dos EUA

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A liberdade é algo fugidio no novo filme de Ryan Coogler. Mais conhecido pelo blockbuster da Marvel, Pantera Negra, o diretor norte-americano cria em Pecadores uma história original, derivada de um passado regado a blues e segregação racial.

O filme abre com o olhar espantado de Sammie Moore (Miles Caton), que, com roupas ensanguentadas, o rosto ferido e o cabo quebrado de um violão nas mãos, adentra a pequena igreja de seu pai e interrompe a missa. É uma faísca potente de uma temática clássica da pastoral americana: religião, música e violência racial. O cabo do violão, quebrado de modo a parecer uma estaca de madeira sangrenta, antecipa os rumos sobrenaturais que o filme, contado em flashback, irá seguir.

O jovem Sammie ganhou seu precioso violão das mãos de seus primos, Smoke e Stack Moore (Michael B. Jordan, interpretando gêmeos). Os dois veteranos da Primeira Guerra Mundial acabam de voltar para a pequena cidade do Mississippi onde cresceram, após sete anos em Chicago. Apesar de serem conhecidos como marginais e gângsters, a dupla acaba de comprar um velho armazém para fundar um clube de blues.

Sammie, como bluesista prodígio, tocará nesta noite de inauguração. Lá dentro, cada um dos três protagonistas ainda terá de lidar com a tentação carnal: Sammie nutre um crush por uma mulher casada, Pearline (Jayme Lawson); Smoke vive um relacionamento enlutado com a bruxa Beatrice (Tenaj L. Jackson); e Stack se envolve com a jovem branca Mary (Hailee Steinfeld).

Coogler oferece uma trama densa: além do conflito entre religiosidade e blues, marginalidade e empreendedorismo — misturados à ambiência sulista americana, onde a escravidão foi derrotada, mas a segregação racial persiste —, ele insere o elemento do vampirismo na figura de Remmick (Jack O’Connell), um irlandês carismático e claramente perigoso.

Faminto e endiabrado, Remmick está louco para entrar no armazém lotado de possíveis vítimas, mas as regras antigas ainda valem: para conseguir entrar em qualquer estabelecimento, o vampiro precisa ser convidado. As metáforas são fortes, e uma ou outra, como a da apropriação cultural, saltam do subtexto para o texto principal.

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