O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez um alerta ao general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército na gestão de Jair Bolsonaro (PL), durante depoimento de testemunhas de acusação em ação penal que trata de trama golpista.
Logo após Freire Gomes refugar sobre o posicionamento do ex-comandante da Marinh, almirante Almir Garnier Santos, em apresentação de minuta golpista pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Moraes fez uma intervenção no depoimento. O ministro disse que o general precisava pensar bem antes de responder às perguntas, no caso em questão, da PGR.
“A testemunha não pode deixar de falar a verdade. Se mentiu na polícia, tem que falar que mentiu na polícia. Não pode agora no STF dizer que não sabia. Ou o senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando aqui”, alertou Moraes.
Freire disse à PF que Almir Garnier tinha colocado as tropas à disposição de Jair Bolsonaro para implementação de uma minuta do golpe. Ao STF, não usou a palavra à disposição, porque não interpretou a fala como “conluio”.
Após o alerta de Moraes, Freire Gomes, então, voltou a falar: “Nunca menti. O Almirante Garnier tomou a posição de estar com o presidente. Não omiti o dado. Ele disse que estava com o presidente, agora a intenção do que ele quis dizer não me cabe”, disse.
Sem voz de prisão
O ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, também afirmou, em audiência no STF, que nunca deu voz de prisão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ameaça foi atribuída a Freire Gomes pelo brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, em depoimento à Polícia Federal, em alusão a um momento no qual Bolsonaro teria sugerido a possibilidade de um golpe de Estado ou de aplicar a Garantia da Lei e Ordem (GLO).
Na primeira audiência das testemunhas de acusação do chamado “núcleo 1” de trama golpista, no entanto, Freire Gomes negou a afirmação do então chefe da Aeronáutica. “A mídia até reportou aí que eu teria dado voz de prisão ao presidente, não aconteceu isso de forma alguma. Acho que houve aí uma má-interpretação, até quando nós conversamos em paralelo aí os comandantes”, disse.
Freire Gomes afirmou que, em reuniões, Bolsonaro levou a possibilidade de fazer um levantamento sobre uma possível GLO ou intervenção fora das previsões da Constituição. “O que eu alertei ao presidente, sim, foi que, se ele saísse dos aspectos jurídicos, né, além de ele não poder contar com nosso apoio, ele poderia ser enquadrado juridicamente”.