A Polícia Federal (PF) usou dados de registros de celulares e de entrada e saída do Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente da República, para confirmar o relato do tenente-coronel Mauro Cid, na investigação sobre a chamada minuta do golpe, resumo de decreto que previa a prisão de autoridades do TSE e do STF, além de convocação de novas eleições em 2022.
As informações constam em um documento da investigação obtido pelo blog da jornalista Andréia Sadi.
A existência da minuta foi revelado à PF pelo tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ao longo de todo o mandato, em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Comprovação
A corporação usou registros da movimentação no Alvorada e dados de Estações Rádio Base (ERB) para confirmar o relato de Cid e obter mais detalhes sobre participantes das discussões sobre a minuta do decreto e as formas como eles se comunicaram.
A partir dessas informações, além de dados descobertos no celular de Mauro Cid, a PF afirma que Bolsonaro sabia da existência da minuta, pediu e fez ajustes no teor dela e a apresentou a militares também investigados por tentativa de golpe de Estado para manter o agora ex-presidente ilegalmente no poder.
Segundo a PF, a cronologia foi a seguinte a minuta foi apresentada ao ex-presidente, no Alvorada, no dia 19 de novembro de 2022. Já no dia 7 de dezembro, o documento foi apresentado a Bolsonaro, juntamente, com militares. Dois dias depois, em 9 de dezembro, Bolsonaro fez alterações no decreto e apresentou ao general que ofereceu tropas.
O decreto não chegou a ser publicado. A PF, agora, considera prioridade ouvir o general Freire Gomes para confirmar a cronologia da minuta golpista.
O que diz o ex-presidente sobre a minuta do golpe
A defesa do ex-presidente disse que Jair Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.