Mania de Você chegou ao fim na sexta-feira (31/3) consolidando o fracasso do folhetim na Globo. Na Grande São Paulo, a novela registrou uma média geral de 21,1 pontos no Ibope, a menor da história da emissora para o horário. Com isso, a trama superou o recorde negativo de Um Lugar ao Sol, exibida em 2021.
Desde os primeiros capítulos, a novela Mania de Você, escrita por João Emanuel Carneiro, enfrentou dificuldades e foi alvo de críticas nas redes sociais ao longo de toda a exibição. O último episódio, inclusive, não conseguiu reverter o cenário e registrou uma audiência inferior às de suas antecessoras, Renascer e Terra e Paixão.
Novelas da Globo com piores audiências
1º – Um Lugar ao Sol (2021): 22,3 pontos
2º – Travessia (2022): 24,2 pontos
3º – Babilônia (2015): 25,4 pontos
4º – Renascer (2023): 25,5 pontos
5º – A Lei do Amor (2016): 27,2 pontos
O que explica o insucesso da novela das nove?
Um dos principais problemas encontrados pela novela é a migração da audiência da TV aberta para plataformas digitais. Recentemente, serviços de streaming ocuparam a primeira posição no Ibope no Brasil. Inclusive o formato de folhetim se mostrou sucesso na Netflix, com Pedaço de Mim, e na Max, com Beleza Fatal.
Para o Eloy Vieira, professor e pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Sergipe (PPGCOM/UFS), há também um problema criativo. A criação de João Emanuel Carneiro frustra o público ao não seguir a lógica do novelão.
“Ela ficou muito focada no núcleo do quadrilátero amoroso entre os quatro principais personagens e lembrou muito uma trama de Malhação, muito juvenil, e isso foge um pouco da proposta da novela das nove de forma geral”, avalia.
Ele ainda acredita que as pessoas esperavam mais de personagens vividos por nomes como Adriana Esteves. Para o pesquisador, a atriz, estrela de Avenida Brasil, aparece como coadjuvante e desaponta quem esperava que ela tivesse um papel mais importante.
Vieira também defende que o autor de Todas as Flores e Avenida Brasil tentou criar personagens profundos, que se tornaram complexos demais para uma telenovela. “Você não sabe muito bem quem é vilão, quem é mocinho, cada um se comporta de um jeito, quando convém”.
O roteirista e doutor em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) Lucas Martins Néia concorda com esse fator levantado por Vieira. Para ele, existe um jogo dúbio entre os quatro protagonistas. “O espectador meio que não se apega a ninguém porque não sabe em quem confiar”, pontua.