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Maioria dos bancos projeta inflação acima da meta, entre 5,5% e 6%

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Uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), publicada nesta segunda-feira (7/4), mostra que a maioria dos bancos (90%) projeta que a inflação feche 2025 acima do teto da meta, que é de 4,50%.

Para fazer a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas, a Febraban consultou 21 bancos, entre os dias 25 e 31 de março. O levantamento é feito a cada 45 dias, após a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).


A inflação em fevereiro

  • Os preços de bens e serviços do país subiram 1,31% em fevereiro, maior taxa para o mês desde 2003.
  • A guinada da inflação em fevereiro foi influenciada pelo aumento de 16,80% na energia elétrica residencial. Isso ocorreu devido ao fim do Bônus de Itaipu — desconto aplicado nas contas de luz.
  • O segundo grande “puxador” do avanço do IPCA em fevereiro foi a educação, que subiu 4,7% graças ao início do ano letivo, representando impacto de 0,28 ponto percentual.
  • A meta da inflação para 2025 é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual com variação para cima e para baixo — isto é, com teto de 4,5% e piso de 1,5%.
  • O IPCA referente ao mês de março será divulgado nesta sexta-feira (11/4).

Assim como no relatório Focus, que reúne as estatísticas econômicas de agentes financeiros, o chamado “mercado”, e é organizado pelo Banco Central (BC), as estimativas de inflação para este ano seguem bastante elevadas no setor bancário.

No Focus, o mercado financeiro projeta que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), produzido e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficará em 5,65% no fim deste ano.

A Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas, da Febraban, informa que 71,4% dos bancos esperam que o IPCA feche o ano em torno de 5,5%, enquanto 19% projetam o índice próximo ou acima de 6%.

Atualmente, o Brasil tem inflação acumulada de 5,06% — ainda acima do teto da meta para este ano (entenda o sistema de metas a seguir). Em fevereiro, o IPCA subiu 1,31%, maior taxa para o mês em 22 anos.

Dessa forma, as expectativas estão bem distantes do centro da meta inflacionária, definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) — formado pelo Banco Central e os ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Em 2025, a meta é 3% com variação de 1,5 ponto percentual, sendo 1,5% (piso) e 4,5% (teto). Ela será considerada cumprida se oscilar nesse intervalo de tolerância.

A partir deste ano, a meta de inflação é contínua. Ou seja, o índice é apurado mês a mês.

Nesse novo modelo, se o IPCA acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida e o BC, que tem a missão de controlar o avanço da inflação, deve enviar uma carta informando o estouro da meta inflacionária para o ministro da Fazenda — neste caso, Fernando Haddad.

Após descumprir a meta em 2024, o objetivo deve ser desobedecido pelo segundo ano seguido, isso porque o Banco Central segue confirmando a possibilidade de a inflação estourar a meta em junho.

Outros destaques

Juros e PIB

Grande parte dos entrevistados (85,7%) entendeu que a comunicação do Copom foi adequada na última reunião, realizada nos dias 18 e 19 de março. Na ocasião, o colegiado decidiu, por unanimidade, elevar a Selic de 13,25% ao ano para 14,25% ao ano.

Na ata de março, o Copom ressaltou que o ciclo de aperto monetário (ou seja, o aumento dos juros) “não está encerrado”, mas que a próxima elevação da taxa básica de juros (a Selic) “seria de menor magnitude”.

Em relação aos juros, a estimativa recuou em relação à pesquisa anterior. Agora, a mediana para a taxa Selic atinge 15% ao ano em junho (ante 15,25%), permanecendo nesse patamar ao menos até novembro.

No recorte sobre o crescimento da economia brasileira, 42,9% dos entrevistados acreditam que a desaceleração observada até o momento está em linha com o esperado. O avanço do Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar em torno de 2%.

Para 1/3 das instituições bancárias, o arrefecimento da economia nacional deve ser mais intensa do que a esperada, com crescimento do PIB abaixo dos 2%. Apenas 1/4 dos bancos espera expansão acima de 2%.

Crédito e inadimplência

Para os bancos consultados pela Febraban, o crédito deve crescer 8,6% em 2025, o que representa uma ligeira alta em relação à projeção de fevereiro, que estimava crescimento de 8,5%.

Segundo a federação, a mudança na perspectiva do setor bancário pode ser explicado “pelas constantes revisões positivas feitas nas séries estatísticas pelo Banco Central, além de um cenário caracterizado ainda pelo mercado de trabalho aquecido e novos programas de crédito, como o consignado para os trabalhadores do setor privado”.

O levantamento também indica uma leve alta na projeção do indicador de inadimplência para a carteira com recursos livres, que subiu de 4,6%, em fevereiro, para 4,7%, em março — nível superior ao dado mais recente, de janeiro (4,4%).

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