O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu entrevista à CNN Internacional nesta quinta-feira (17/7), como parte da ofensiva para pressionar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no seu próprio quintal. Os países vivem uma queda de braço por causa da tarifa de 50% imposta pelo republicano aos produtos de exportação brasileiros à partir de 1º de agosto.
“Ninguém quer romper com os Estados Unidos, ninguém quer ‘se libertar’ dos Estados Unidos, o que queremos é não ser refém dos Estados Unidos. Queremos liberdade”, afirmou Lula. A fala foi uma resposta ao questionamento da TV norte-americana sobre o Brics, bloco comercial comandado pelo Brasil junto a países como Rússia e China.
Desde que assumiu seu segundo mandato, Trump tem ameaçado o Brics com sobretaxas por considerar que o bloco é antagônico aos interesses dos EUA. No caso do Brasil, a retaliação foi mais dura. No dia 9 de julho, o republicano anunciou através das redes sociais a taxação de 50% das importações brasileiras, alegando que o país persegue o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, e seria injusto na balança comercial – apesar de o Brasil ter déficit nos negócios com o país liderado por Trump.
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Para Lula, as reclamações de Trump não se sustentam. “Primeiro de tudo, o sistema judiciário no Brasil é independente, o presidente da República não pode interferir na Justiça. Segundo, o déficit não é verdadeiro. Os EUA nos últimos 15 anos tem US$ 410 bilhões de superávit com relação ao Brasil”, afirmou o presidente brasileiro.
Ele completou: “Se vamos cobrar altas taxas no Brasil, é um problema do governo brasileiro. Se nós quisermos e eles não, podemos estabelecer uma negociação. É assim que o mundo funciona com multilateralismo, como o mundo do comércio funciona e como o Brasil funciona. O que não podemos é o presidente Trump esquecendo que foi eleito para governar os EUA, e não para ser o imperador do mundo”.
Resposta de Lula a Trump
Questionado sobre qual seria a resposta do Brasil aos EUA, Lula afirmou que tarifas “não resolverão esse tipo de problema” e podem até criar novos tipos de embaraço. “É importante lembrar que a super taxa vai também vai criar problemas para o consumidor americano”, ressaltou o petista.
O presidente disse que iria “tentar resolver os problemas no Brasil” e reafirmou que está em diálogo com diversos setores da economia local, da indústria ao agronegócio. “Vamos encontrar uma solução e dar uma resposta, mas não via site [rede social]. Vamos enviar uma carta oficial com uma mensagem diplomática” para que Trump saiba que “respeito é uma coisa muito boa”.
Uma das frentes de atuação do Brasil é tentar desgastar Trump nos EUA. Nas reuniões com empresários, o governo pediu para eles conversem com os setores produtivos dos EUA.
Foi sugerido que cada empresa dialogue com seus parceiros importadores, para que o empresariado estadunidense, por sua vez, se movimente com seus órgãos conjuntos e demovam Trump de concretizar a taxação a partir de 1/8. A expectativa do Planalto é que a própria economia americana derrube a ofensiva da Casa Branca.