Depois de quase duas décadas vivendo em instituições de acolhimento em Minas Gerais, Gabriel Ferreira de Souza, de 18 anos, foi adotado por uma família. Diagnosticado com paralisia cerebral, na forma tetraplégica mista, associada à disartria, o jovem é dependente da ajuda de terceiros para suas atividades.
Devido à condição, Gabriel enfrentou problemas para achar um lar. Perto de completar 18 anos, ele poderia ser desligado do abrigo no qual estava e ficaria sem um local para residir. No entanto, o casal Samira Sales e Lucas Nogueira, que atualmente reside na cidade de Caçapava, no interior de São Paulo, decidiu adotá-lo.
O casal já havia adotado três irmãos na Comarca de Arinos (MG), em 2020, e, mesmo após se mudar de estado, relata que “sentia como se tivesse deixado para trás o quarto filho”. Eles buscaram, então, notícias sobre Gabriel e chegaram a fazer chamadas de vídeo com o jovem.
Ao tomar conhecimento de que Gabriel estava prestes a atingir a maioridade e poderia ser desligado do abrigo sem um destino definido, o casal intensificou o desejo de adotá-lo e procurou a assistente social judicial Fátima Valadares, que atua há 30 anos na Comarca de Arinos. A servidora já tinha vínculo com a família, por ter participado da primeira adoção do casal.
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Origem
Natural de Januária, no Norte de Minas Gerais, Gabriel chegou ao seu primeiro abrigo em situação classificada como de extrema vulnerabilidade. Os registros apontavam que ele pesava 2,35 kg, apenas, apresentando desnutrição grau II, aspecto anêmico e ausência de movimentos no pescoço.
Em 2010, houve uma breve tentativa de retorno à família de origem, mas o menino acabou voltando ao acolhimento devido à continuidade de situações consideradas de risco. Em julho de 2013, ele foi transferido para o abrigo institucional.
Apesar das limitações na aprendizagem formal, Gabriel concluiu o ensino fundamental em escola regular, apresentando progressos significativos em habilidades e comunicação. Atualmente, ele frequenta o 3º período da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Arinos.
Esgotadas as possibilidades de reintegração à família biológica, ele foi incluído nos cadastros de adoção, mas não encontrou pessoas dispostas a adotá-lo ao longo de sua infância e adolescência.