Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) driblou a oposição e deixou a reunião de líderes nesta quinta-feira (20/3) sem dar resposta sobre o futuro do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro e na suposta tentativa de golpe de Estados.
Líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ) levantou o assunto no encontro e cobra uma resposta ainda nesta tarde, com ameaça de obstruir votações no Legislativo.
A reunião do colégio de líderes ocorre às quintas, para definir a pauta da semana seguinte na Câmara. No encontro, Sóstenes pediu encaminhamento da proposta de anistia, mas Hugo deixou o local para atender um grupo de defensores públicos em seu gabinete. Quem conduziu o restante da agenda dos congressistas foi Altineu Côrtes (PL-RJ), vice-presidente da Câmara.
Sóstenes afirmou que negociará duas alternativas ao projeto de anistia: o regime de urgência, para votação diretamente em plenário; ou a criação de uma comissão especial para discutir a proposta, uma promessa feita em 2024 pelo então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), padrinho de Motta.
A obstrução é um recurso utilizado pelos parlamentares para barrar votações na Câmara ou no Senado. Entre as medidas geralmente utilizadas para impedir o funcionamento do plenário estão pronunciamentos, pedidos de adiamento de discussões e votações e até saída do Plenário para evitar quórum.
O PL tem a maior bancada da Câmara, com 92 parlamentares. O partido, porém, conta com aliados fiéis em diversas legendas do Centrão para pressionar Motta.
A oposição chegou a obstruir o plenário com apoio do Centrão em setembro de 2023, num ápice da crise do Congresso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foi quando o Planalto sinalizou que não entregaria o comando da Caixa a um nome indicado por Lira.
A crise não durou muito, bastou o governo negociar com o Centrão e fazer acenos ao agro para que os bolsonaristas ficassem isolados, fazendo a obstrução cair por terra.
Motta no Japão com Lula
Na próxima semana, Hugo Motta deve acompanhar o presidente Lula na viagem ao Japão, prevista para este sábado (22/3).
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também fará parte da comitiva. A expectativa é de que a agenda conjunta destrave a reforma ministerial.