O câncer de intestino é o terceiro tipo de tumor mais comum no mundo, mas nem sempre os sintomas são claros. Muitas vezes, sinais como dores abdominais, perda de peso e alterações intestinais são confundidos com problemas menos graves, atrasando o diagnóstico.
Foi o que aconteceu com Fabrício Gomes da Silva, de 39 anos. Durante meses, o carioca apresentou sintomas digestivos, mas foi só após realizar uma tomografia que ele descobriu um tumor de 10 cm no intestino.
O sargento da Marinha começou a se sentir mal em julho de 2024, com episódios frequentes de flatulência, arrotos, perda de apetite e emagrecimento repentino.
A esposa de Fabrício, Stephanie Sousa Pereira da Silva, de 32 anos, suspeitava que pudesse ser um caso de Helicobacter pylori, bactéria que pode causar dor no estômago, diminuição do apetite e emagrecimento — os mesmos sintomas que o marido apresentava.
“A gente começou a observar os sintomas. Eu já tinha pesquisado sobre a H. pylori e alertei: ‘Vai ao médico porque acho que pode ser isso’, mas homem tem aquela coisa, né? ‘Ah, não sei, não vou’. O Fabrício acabou indo ao médico do trabalho, que pediu uma endoscopia”, conta ao Metrópoles.
Fabrício fez a endoscopia em outubro e o exame confirmou a infecção bacteriana. Porém, mesmo depois do tratamento, o carioca continuava sentindo dores e perdendo peso.
Um mês depois, ele retornou ao médico relatando que o tratamento não surtia efeito. Além da persistência dos sintomas, o militar também notou sangue nas fezes e sofria com a intensificação das dores abdominais.
Sintomas do câncer de intestino
O oncologista Márcio Almeida, especialista em câncer de intestino, que atua em Brasília, explica que os sinais e sintomas da doença costumam ser inespecíficos e frequentemente confundidos com outras doenças, como síndrome do intestino irritável, hemorroidas ou diverticulite, o que dificulta o diagnóstico precoce.
“Alterações no hábito intestinal, como diarreia ou constipação persistente sem motivo aparente, além da sensação de evacuação incompleta, são indicativos que pedem atenção”, destaca.
Outro sinal que acaba passando despercebido é o sangramento retal, que pode se manifestar como sangue vivo nas fezes ou fezes muito escuras. “Esse sintoma pode ser atribuído erroneamente a hemorroidas ou fissuras anais, atrasando o diagnóstico correto”, alerta o médico.
Foi o que aconteceu com Fabrício. Os sintomas foram piorando gradativamente. “As dores na barriga ficaram muito mais intensas, ele arrotava muito e tinha muita flatulência. Às vezes ia ao banheiro, mas não conseguia evacuar. Depois começou a perceber que, quando conseguia, as fezes eram muito escuras”, conta Stephanie.
Diagnóstico do câncer
Em 21 de dezembro de 2024, o casal procurou atendimento na emergência do Hospital Baía Sul, em Florianópolis. Uma tomografia revelou um tumor de 10 cm no intestino de Fabrício. “Ele também fez uma colonoscopia e os médicos perceberam que o intestino estava muito obstruído. Disseram que seria necessário colocar uma bolsa de colostomia“, lembra Stephanie.
Diante do diagnóstico do marido, Stephanie decidiu deixar os dois empregos — como babá e tutora em uma faculdade — para cuidar exclusivamente dele. O casal tem dois filhos, Miguel, de 10 anos, e Laura, de 9. A mãe de Fabrício também largou tudo no Rio de Janeiro para ajudar nos cuidados com as crianças.
Tumor avançado e tratamento
Em janeiro deste ano, Fabrício voltou ao cirurgião responsável pela colostomia. Embora estivesse bem de forma geral, sentia dores intensas na lombar.
“Perguntei ao oncologista se deveria voltar ao hospital por conta da dor e ele recomendou que sim. No dia 15 de janeiro, Fabrício foi internado novamente. As dores eram paralisantes, ele quase não conseguia andar”, conta Stephanie.
Os exames mostraram que o tumor pressionava a coluna. Durante a internação, Fabrício passou por duas sessões de quimioterapia, mas o quadro não melhorou. Ele teve febre persistente, cuja origem os médicos não conseguiam identificar.
“Depois de muitos exames, constataram que a febre era possivelmente o câncer tentando combater os medicamentos”, diz Stephanie. A biópsia confirmou um adenocarcinoma de cólon com metástase nos linfonodos.
Nesses casos, quando o câncer já se espalhou para os linfonodos, o tratamento precisa ser mais agressivo para reduzir o risco de progressão da doença, explica o oncologista Márcio Almeida. A cirurgia nem sempre é possível, especialmente quando os linfonodos comprometidos estão próximos a estruturas vitais.
“O tumor principal, no sigmoide, não pode ser retirado porque há linfonodos afetados em áreas críticas: um abraçando a artéria aorta, outro na parede do coração, um no abdômen e um inicial no pescoço”, relata Stephanie.
Diante da gravidade do caso, Stephanie decidiu compartilhar a história do marido em perfis no Instagram e TikTok. O objetivo é conscientizar outras pessoas sobre a importância de prestar atenção a qualquer sintoma e buscar ajuda médica o quanto antes.
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