O Brasil registrou pela primeira vez um caso de gripe aviária em uma granja comercial. A confirmação foi feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) nesta sexta-feira (16/5). A notícia acende o alerta sobre os riscos da circulação do vírus influenza aviária no país, mas será que é preciso evitar o consumo de carne de aves e ovos?
Gripe aviária
- A influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta, principalmente, aves silvestres e domésticas. Em casos mais raros também pode acometer humanos, mas o risco é baixo.
- Os principais sintomas entre humanos são: febre, tosse, dor de garganta, dores musculares e dificuldade para respirar.
- Já os sinais apresentados pelas aves incluem: dificuldade respiratória, secreção nasal ou ocular, espirros, incoordenação motora, torcicolo, diarreia, e alta mortalidade.
O vírus da gripe aviária foi identificado em um plantel de matrizes no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. De acordo com o ministério, esse é o primeiro caso da doença registrado em sistema de avicultura comercial no país.
Apesar do registro inédito, o órgão reforça que o consumo de carne de aves e ovos continua seguro. “A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo”, informou o Mapa.
As aves da granja afetada foram abatidas e a área foi isolada. Também foi decretado estado de emergência zoossanitária por 60 dias. A pasta informou ainda que as medidas visam controlar o foco e garantir o abastecimento. “As medidas de contenção e erradicação do foco já foram iniciadas”, diz a nota oficial.
Há risco de circulação do vírus?
A gripe aviária é causada por um vírus que afeta principalmente aves. Casos em humanos são raros e geralmente estão ligados ao contato direto com aves doentes, e não ao consumo de alimentos. Isso acontece porque o vírus costuma ser específico de cada espécie, mas pode sofrer mutações e saltar para outros hospedeiros.
“O vírus da gripe [influenza] pode se adaptar a diferentes espécies, como aves, porcos e humanos. Quando ele consegue fazer esse salto, o risco de transmissão entre humanos aumenta, como vimos com a gripe suína em 2009”, esclarece Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Segundo Kfouri, a cepa H5N1 da gripe aviária já demonstrou capacidade de infectar mamíferos, como felinos e bovinos, o que acende um alerta para o risco de adaptação ao organismo humano.
“O H5N1 é uma variante do vírus influenza que circula há quase duas décadas e, apesar de os casos em humanos ainda serem raros e sem transmissão entre pessoas, o fato de ele já ter saltado para mamíferos aumenta a preocupação. Quanto mais ele circula, maior a chance de sofrer mutações e se tornar capaz de se espalhar entre humanos”, complementa.
O monitoramento é essencial. “A possibilidade de enfrentarmos infecções em humanos está aumentando, prova disso é o surto sem precedentes nos Estados Unidos. O risco de transmissão direta ainda é considerado baixo, mas quanto mais o vírus circula entre espécies diferentes, maior a chance de ele se tornar transmissível entre humanos”, explicou o infectologista Leonardo Weissmann, professor da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), campus Guarujá, em entrevista anterior ao Metrópoles.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!