O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse acompanhar “com preocupação” os últimos desdobramentos do contencioso em torno da região de Essequibo, na Guiana. O governo do venezuelano Nicolás Maduro pretende anexar Essequibo ao seu território.
No início deste mês, os eleitores da Venezuela decidiram que o governo pode reivindicar o equivalente a cerca de 160.000 km², e o que corresponde a dois terços da Guiana, território com grandes riquezas minerais e uma saída para o mar.
Depois disso, diversos países anunciaram apoio à Guiana, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido.
Nota divulgada pelo Itamaraty nesta sexta-feira (29/12) condenou demonstrações militares de apoio a qualquer das partes. A tensão entre a Venezuela e a Guiana ganhou um novo capítulo no último domingo (24/12), quando o governo do Reino Unido anunciou o envio de um navio de guerra para a região de Essequibo. A Guiana, até 1966, era uma colônia britânica, e até hoje dispõe de abundância em petróleo.
“O governo brasileiro acredita que demonstrações militares de apoio a qualquer das partes devem ser evitadas, a fim de que o processo de diálogo ora em curso possa produzir resultados, e está convencido de que instituições regionais como a CELAC [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos] e a CARICOM [Comunidade do Caribe] são os fóruns apropriados para o tratamento do tema”.
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deixa Palácio do Itamaraty após dia de reuniões com países da América do Sul 4
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deixa Palácio do Itamaraty após dia de reuniões com países da América do Sul
Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Vinícius Schmidt/Metrópoles
presidente da Venezuela, Nicolás Maduro ao lado do presidente Lula, saindo do palácio do Itamaraty após almoço realizado um dia antes da reunião com os presidentes dos países da América do Sul 4
Igo Estrela/Metrópoles
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O ditador Nicolás Maduro e Lula
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Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
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O texto do Itamaraty indicou que o Brasil considera a Declaração de Argyle para o Diálogo e a Paz, assinada por Guiana e Venezuela em 14 de dezembro, “um marco nos esforços para abordar pacificamente a questão, tendo em mente o espírito de integração que nos move, como uma região de paz, cooperação e solidariedade”.
A declaração estabeleceu o compromisso de Guiana e Venezuela de não utilização da força ou da ameaça do uso da força, de respeito ao direito internacional e de comprometimento com a integração regional e a unidade da América Latina e do Caribe.
Os dois países ainda concordaram em cooperar para evitar incidentes no terreno e medidas unilaterais que possam levar a uma escalada da situação.
“O Brasil conclama as partes à contenção, ao retorno ao diálogo e ao respeito ao espírito e à letra da Declaração de Argyle”, concluiu o texto.
Lula conversou com Maduro
Poucos dias após o referendo na Venezuela, Lula recebeu, em 9 de dezembro, uma ligação do mandatário daquele país para tratar da situação. Segundo comunicado oficial, o presidente brasileiro mostrou preocupação com a questão de Essequibo e ressaltou que medidas unilaterais podem levar a uma escalada na situação.
Em um esforço para evitar um conflito armado, o Brasil se disponibilizou a sediar a próxima reunião entre o presidente da Guiana, Irfaan Ali, e o da Venezuela.