O médico Enaldo Melo de Lima, coordenador do Hospital de Câncer da Rede Mater Dei, afirmou nesta terça-feira (26/3) que o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), abriu mão de parte da saúde para perseguir o sonho da reeleição. Apesar disso, ele evitou atribuir diretamente a piora do quadro clínico à campanha eleitoral.
“O período da campanha foi o melhor, ele estava determinado. Ele nunca teve infecção relacionada à campanha, as infecções foram posteriores”, explicou o médico durante entrevista coletiva.
Fuad foi diagnosticado em junho com linfoma não Hodgkin na região do testículo. Em outubro, os exames indicaram remissão completa da doença, mas a saúde começou a se deteriorar a partir de novembro, em razão de efeitos do tratamento e de doenças preexistentes, como problemas cardíacos.
Segundo Enaldo, o então prefeito demonstrava plena realização ao longo da campanha. “Vi a realização pessoal dele no comitê. Ele dedicou o que tinha de vida para essa realização. Não tenho dúvida de se que privou de parte da saúde pela campanha e reeleição, mas era um homem realizado”, avaliou.
A decisão de concorrer novamente ao cargo foi pessoal e contrariou a vontade da família. No entanto, os médicos avaliaram que, naquele momento, o estado de saúde permitia a participação na disputa.
“A doença respondeu muito bem. Ele foi orientado sobre as possibilidades de complicações e sequelas, mas estava obstinado”, explicou Enaldo.
Durante a campanha, Fuad foi tratado com corticoides, mas o médico ressaltou que a medicação estava relacionada ao tratamento da doença, e não ao ritmo eleitoral.
No fim de fevereiro, o prefeito perdeu a lucidez e os movimentos. Na noite de segunda-feira (25), sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu nesta quarta-feira (26/3).