Investigadores da Polícia Civil paulista conseguiram reunir indícios que apontam para o suposto paradeiro de Emílio Carlos Gongorra Castilha, conhecido como João Cigarreiro, tido como mandante do assassinato do empresário Vinicius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC). O criminoso estaria entrincheirado em um dos maiores redutos da facção carioca Comando Vermelho, na Vila Cruzeiro, comunidade do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro.
Gritzbach, que colaborava com as investigações sobre a maior facção criminosa do país, foi executado a tiros na área de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro do ano passado. Na manhã desta quinta-feira (13/1), a Polícia Civil deflagrou uma operação para prender Castilha.
Quem é o suspeito
- Segundo autoridades ligadas à investigação, Cigarreiro seria um dos principais traficantes da facção no estado e teria interlocução inclusive com facções cariocas, como Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), rivais do PCC.
- “Ele entra e sai no Rio de Janeiro quando quiser. Vende droga para quem quiser no Rio, tanto CV quanto TCP”, afirma um integrante da força-tarefa que investiga a morte do delator do PCC. “Gritzbach morria de medo dele”, acrescenta.
- Cigarreiro atualmente, estaria enfrentando um câncer e sendo submetido a sessões de quimioterapia.
- O suspeito pertenceria ao núcleo do PCC ligado a Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, morto a tiros em dezembro de 2021, e à empresa de ônibus UpBus, usada para lavar dinheiro.
- Vinícius Gritzbach era apontado pela facção como o mandante da morte de Cara Preta. O delator havia ficado responsável por investir R$ 100 milhões do PCC em criptomoedas, mas teria desviado o dinheiro e passou a ser cobrado por Cara Preta.
- Após o homicídio, Gritzbach foi sequestrado por integrantes do PCC e levado a um centro de treinamento pertencente a Danilo Lima de Oliveira, o Tripa, agente de futebol ligado à facção.
No entanto, até o início da tarde, ele não havia sido localizado. Além do mandado de prisão contra o suspeito, os agentes cumprem outros 21 de busca e apreensão. A ação mobilizou 116 policiais. De acordo com as investigações, Castilha mantinha parceria com o PCC e com o Comando Vermelho, que domina os complexos da Penha e do Alemão, no Rio.
Delator
Gritzbach era investigado por envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro para o PCC e, em sua delação premiada ao Ministério Público, revelou nomes de integrantes da facção e denunciou policiais suspeitos de corrupção. A força-tarefa que apura o crime já prendeu 26 pessoas no curso das investigações, incluindo 22 agentes de segurança — entre policiais civis e militares. Três dos detidos são suspeitos de participação direta na execução do empresário.