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quarta-feira, 19 março, 2025
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    HomeEntretenimentoFlora Matos ou big techs: afinal, quem comanda o sucesso de Piloto?

    Flora Matos ou big techs: afinal, quem comanda o sucesso de Piloto?

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    Nas últimas semanas, a rapper brasiliense Flora Matos conseguiu um feito e tanto na indústria da música: ter uma canção de 2018 na concorridíssima lista das canções mais ouvidas nas plataformas de streaming brasileiras em 2023. Para além de debutar nas paradas musicais, a cantora manteve a faixa em uma posição significativa mesmo após três semanas. Nesta quarta-feira (25/10), o hit repleto de predicados para um parceiro ideal, segue na 5ª posição do Top 50 do Spotify.

    O movimento resultou em debates e manchetes, sugerindo que Flora Matos havia driblado a indústria com o sucesso do hit. Será mesmo?


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    Para João Finamor, professor de marketing digital da ESPM, apesar de não ter seguido o modus operandi do mercado, com clipes, dancinhas e playslists, por exemplo, o sucesso de Piloto é um exemplo claro do poder das chamadas big techs no campo artístico. “Costumo sempre falar para os meus alunos e para clientes que nenhum algoritmo separa um lover de um hater, né? Então tudo é engajamento”.

    Dona de uma personalidade forte e sem papas na língua, Flora não é conhecida na web só pelo trabalho na música. A cantora também angaria engajamento fazendo críticas frequentes a Luísa Sonza e outros artistas, como Baco Exu do Blues e Emicida.  “Quando ela vai lá e dá aquelas declarações polêmicas no Twitter, ela tá caçando uma ‘treta’, mas principalmente caçando hater, porque hater vai engajar mais do que os fãs. E aí ocorre esse ‘acaso’ que é a viralização no TikTok”, opina Finamor, citando duas gigantes da web na sua explicação.

    “Antigamente, a gente pode dizer que quem tinha esse domínio do que ia fazer sucesso ou não na música eram os donos das rádios, em acordo com as gravadoras. Agora a gente tem aí, né, TikTok, o próprio Spotify”.

    Apesar do talento inegável de Flora Matos e do potencial da canção, a doutora em sociologia, consultora em planejamento e gestão de carreira na música e diretora da Sonar Cultural Consultoria, Dani Ribas, acredita que o caso de Piloto é um “exemplo de como a música virou commodity”.

    Ao contrário de Finamor, Ribas considera que o nascimento de um hit não está ligado à estratégia do artista, mas aos objetivos das gigantes da internet. “Estamos falando de um elemento para fazer com que os usuários da rede social fiquem grudados nela, na rede social, dando seus dados, sua atenção, sua subjetividade para que a rede social venda publicidade on-line”, opina.

    “Então, esse movimento mostra que a dinâmica de distribuição no mercado cultural não está na mão dos artistas, está na mão dos big techs, e a música é apenas um instrumento dessa dinâmica, porque ela é uma commodity e não mais uma criação humana coletiva que abastece de significados a nossa existência”, completa.

    A reportagem do Metrópoles tentou contato com a rapper Flora Matos, mas, até a publicação da reportagem, não obteve retorno. O espaço segue aberto.

     

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