O fim do programa Mais Médicos, em 2018, marcou um período de instabilidade para centenas de profissionais cubanos que atuavam no Brasil por meio da iniciativa. Criado em 2013, o programa foi responsável por ampliar o acesso à atenção básica de saúde em áreas carentes e de difícil provimento, com a chegada de médicos estrangeiros, especialmente cubanos. Com a suspensão do convênio internacional pelo recém-eleito governo de Jair Bolsonaro, muitos desses profissionais foram forçados a deixar o país abruptamente, deixando para trás pacientes, vínculos e projetos de vida.
Esse é o cenário que serve de pano de fundo para O Deserto de Akin, filme que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (31/7). A trama acompanha a trajetória do personagem-título, interpretado por Reynier Morales, também cubano. Em entrevista ao Metrópoles, o ator conta que a história tem forte ressonância pessoal: ele testemunhou de perto a angústia de amigos afetados pelo fim do programa e mergulhou, através do trabalho, nas camadas da experiência migratória.
“A migração é uma coisa que está está presente em nossas vidas como cubanos. Desde que sai no mundo, desde que nasce, se tem um familiar que migrou, então desde criança cresce nesse contexto da família esperando por esse familiar que vai voltar em algum momento, mas que nem sempre consegue. Então é uma natureza bastante típica na vida cotidiana do cubano, como médico também é muito é muito parecido”, frisa o ator
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Cena de O Deserto de Akin
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Reynier Morales em O Deserto de Akin
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Reynier Morales em O Deserto de Akin
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Para Reynier, a questão da medicina e o do escolher ser médico está no cerne do personagem dele na história. “Ele é uma pessoa que se encontrou na profissão. Sua vida tem um motor impulsor que são as missões internacionais onde ele encontra uma uma motivação para para seguir vivendo”, destacou o ator.
Esta sensibilidade ao retratar a história que marcou tantos profissionais, que decidiram ou não seguir no Brasil em meio ao fim do Mais Médicos, é um dos pontos chaves da trama. Segundo o diretor Bernard Lessa, as ideia de retratar profundamente as sensações de incerteza vivida pelos profissionais foi o que fez com que O Deserto de Akin seguisse no caminho da ficção e não no do documentário.
“A ficção tem essa capacidade de envolver, de emocionar, de tocar num lugar que a que a notícia não chega. Então, eu acho que para que essa notícia ganhe uma dimensão emocional que ela teve para pro país, para população em geral, é preciso fazer um filme como este”, destacou Bernard.
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Premiações e estreia nos cinemas
Antes de chegar às telonas brasileiras, o longa fez sucesso em vários festivais de cinema. No Festival do Rio, Reynier Morales, que interpreta o protagonista, foi agraciado pelo Redentor na mostra Novos Rumos.
O filme também foi exibido na Mostra de Cinema de Gostoso, no Festival de Havana, cidade natal do protagonista, e pelo Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador, onde venceu Melhor Roteiro.
Já no Festival de Vitória, onde o filme foi rodado, venceu os prêmios de Melhor Filme (Júri Popular) e Melhor Fotografia.
Com elenco formado pelos atores Reynier Morales, Ana Flávia Cavalcanti, Guga Patriota, Welket Bungué e Patricia Galleto, O Deserto de Akin tem direção e roteiro de Bernard Lessa e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (31/7).