Tarciana Moreira do Vale, de 37 anos, foi executada a tiros por dois adolescentes faccionados enquanto subia em um ônibus, em maio deste ano, em Fortaleza (CE). A vítima foi morta a mando de um chefe de facção criminosa, supostamente por causar incômodo no bairro onde morava devido aos transtornos mentais que enfrentava. A presença constante de autoridades no local teria irritado os criminosos.
A informação consta em denúncia apresentada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) contra Rafael Ferreira de Castro, conhecido como “Boquinha”, apontado como chefe do Comando Vermelho (CV) no bairro Monte Castelo, na capital cearense. Ele está preso desde 4 de maio, dois dias após o crime.
Entenda o caso
- Segundo a denúncia, Tarciana tinha transtornos mentais e era usuária de drogas. Nessas ocasiões, costumava apresentar comportamento agressivo e causar confusões na vizinhança. A Polícia Militar do Ceará (PMCE) era frequentemente acionada para atender às ocorrências envolvendo a vítima.
- Com a presença constante da polícia no bairro, Rafael teria se irritado e ordenado que Tarciana deixasse a região. Ele também passou a ameaçá-la de morte, de acordo com o MPCE.
- A vítima chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o líder da facção. Em resposta, Rafael teria determinado que dois adolescentes executassem Tarciana.
- A mulher foi assassinada por dois menores, de 15 e 17 anos, instantes após embarcar na linha 220 – Antônio Bezerra/Sargento Hermínio. Ela foi atingida por diversos disparos, principalmente na cabeça, e morreu ainda no local.
Após o crime, os adolescentes fugiram, mas foram capturados pelos militares, junto com Rafael, em uma casa de praia em São Gonçalo do Amarante. Segundo as investigações, o grupo foi ao local para “comemorar” a execução de Tarciana.
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Júri popular e passagens criminais
O MPCE pede que Rafael seja julgado por homicídio qualificado, organização criminosa e corrupção de menores. A Justiça do Ceará decidiu que ele irá a júri popular.
Tarciana tinha antecedentes por lesão corporal, roubo e furtos. Rafael já havia sido condenado por tráfico de drogas e agora poderá responder também pelos novos crimes. Os dois adolescentes envolvidos foram autuados por ato infracional análogo ao homicídio.
A reportagem não localizou a defesa de Rafael Ferreira. O espaço segue aberto para futuras manifestações.