O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réu o ex-prefeito de Iporá (GO), Naçoitan Leite (sem partido), por incitação ao crime. A decisão foi tomada após a divulgação de um áudio no qual ele sugere “eliminar” o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A gravação, feita no fim de 2022, repercutiu entre moradores da cidade no início de novembro. No áudio, Naçoitan afirma que o Brasil corria o risco de se tornar como a Venezuela.
“Até a nossa liberdade está em jogo também. Nós temos que eliminar o Alexandre de Moraes e o Lula, dois homens estão acabando com o Brasil”, declarou.
Ouça o áudio:
“Vai virar uma guerra civil por causa de dois homens. Então, vamos arregaçar as mangas. Ou é agora, ou vamos virar Venezuela ou pior que Venezuela”, acrescentou o político.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-prefeito e a 1ª Turma do STF aceitou a denúncia no fim de fevereiro, em julgamento realizado no Plenário Virtual.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, destacou em seu voto que as falas de Naçoitan têm semelhança com os atos golpistas e antidemocráticos ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023, justificando, assim, a competência do Supremo para o julgamento.
A reportagem procurou a defesa do réu para comentar a decisão, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Histórico
Na época em que o áudio viralizou, Naçoitan negou ter incitado violência contra Moraes e Lula, alegando que se referia à “eliminação política” de ambos.
O ex-prefeito também ganhou destaque por sua postura radical contra as medidas de distanciamento social durante a pandemia de Covid-19. Em 2021, chegou a ser investigado por suspeita de que familiares teriam furado a fila da vacinação contra o coronavírus.
Ainda em 2022, Naçoitan pediu desculpas publicas e Lula e a Moraes. “No calor das manifestações políticas, manifestei minha resistência pessoal com o resultado das eleições. Porém, a fiz de uma forma que gerou uma interpretação errada por parte de quem ouviu”, escreveu o político.
Ele se desculpa com Moraes, a quem agora atribui “ter conduzido de forma correta o processo da maior eleição eletrônica do planeta”. Também reconhece o resultado do pleito e diz que Lula foi eleito “de forma democrática”.
