O ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Roberto Abdenur, afirmou, nesta quarta-feira (30/7), em entrevista ao programa Contexto Metrópoles, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “não está disposto a flexibilizar sua postura”, após aplicar a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Segundo o ex-embaixador, a decisão de Trump de sancionar o ministro dificulta a relação do governo dos Estados Unidos com o Brasil.
“Dificulta muito, porque isso mostra que ele continua a insistir na pressão política absurda contra a soberania do Brasil. E agora, é uma medida concreta contra os ataques — digamos, verbais — que estavam sendo dirigidos ao Supremo”, afirmou o Abdenur em entrevista às jornalistas Neila Guimarães e Andreza Matais.
O que está acontecendo?
- O governo de Donald Trump aplicou, nesta quarta-feira (30/7), a lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
- O nome do ministro consta no sistema do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, que administra e aplica programas de sanções, e também no site do Departamento de Tesouro. A lei é usada para punir estrangeiros.
- Moraes é alvo da legislação norte-americana que tem como objetivo de punir autoridades internacionais acusadas de violação aos direitos humanos. Na prática, as sanções da Lei Magnitsky afeta os sancionados principalmente por meios econômicos, como o congelamento de bens e contas bancárias em solo ou instituições norte-americanas.
Ainda segundo Abdenur, a situação é considerada séria, e o ministro pode ser impedido de entrar nos EUA, além de não poder “ter cartões de crédito ou fazer operações financeiras com empresas ou bancos que tenham alguma conexão”.
“E uma coisa muito séria e que mostra que ele [Trump] não está disposto a flexibilizar a sua postura”, alegou Abdenur.
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Governo Trump (EUA) discute sanções ao ministro Alexandre de Moraes
Arte sobre foto Anna Moneymaker/Getty Images e Igo Estrela/Metrópoles2 de 4
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes
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Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Chip Somodevilla/Getty Images4 de 4
Alexandre de Moraes cita publicação de Trump como sustenação para atos de Jair e Eduardo Bolsonaro
STF/Divulgação
O diplomata afirmou que as sanções podem prejudicar “muito a vida financeira” de Moraes, mas que ele continuará com os “mecanismos financeiros puramente brasileiros, com os quais poderá seguir trabalhando”.
“Guerra política”
Roberto Abdenur contou que Trump, “está deflagrando uma verdadeira guerra política e econômica contra o Brasil”.
Além de sancionar o ministro do STF, Trump mantém a decisão de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que entra em vigor em 1º de agosto.
“Ele quer debilitar, desestabilizar o governo Lula, porque é um governo de esquerda, totalmente contrário à postura radical de direita dele”, pontuou o diplomata.
Segundo Abdenur, Trump ainda deve atacar outros três governos de esquerda na América Latina: Chile, Colômbia e México. “É uma cruza ideológica dele, que vai muito além das questões econômicas”, detalha Abdenur.