A microbiota é o conjunto de microrganismos que vive no nosso corpo e ajuda no funcionamento do organismo. Ela está presente em vários locais, como intestino, boca e pele, e tem funções essenciais. No intestino, por exemplo, ela auxilia na digestão, na absorção de nutrientes e no fortalecimento do sistema imunológico.
O conjunto de bactérias é quase como uma impressão digital, cada pessoa tem a sua. A microbiota começa a se formar a partir do nascimento, e muitas experiências de vida determinam quais microrganismos vão se proliferar e quais serão suprimidos. O que você come, os lugares que frequenta e até o estresse do dia a dia influenciam no desenvolvimento das bactérias.
Porém, um estudo de 2020 sugere que casais podem ter microbiotas muito semelhantes. O levantamento, publicado na revista científica National Library of Medicine e realizado por pesquisadores norte-americanos, revisou pesquisas anteriores para chegar à conclusão.
Hábitos que podem mudar a microbiota intestinal
- O tipo de rotina alimentar promove o desenvolvimento de bactérias ruins (dietas ricas em ultraprocessados) ou o crescimento de microrganismos benéficos para a saúde intestinal (dieta rica em alimentos saudáveis).
- A falta de exercícios físicos pode diminuir a diversidade da microbiota, enquanto a prática regular de atividades físicas melhora o trânsito intestinal.
- Ficar estressado regularmente favorece o crescimento de bactérias prejudiciais a microbiota.
- Mesmo sendo necessários em algumas situações, os antibióticos podem eliminar bactérias boas para a saúde.
- O tabagismo e o consumo de álcool podem alterar a composição da microbiota intestinal.
Os autores destacam que casais que vivem juntos tendem a desenvolver microbiotas intestinais semelhantes devido ao compartilhamento de ambientes, dietas e rotinas diárias.
“Várias fatores podem explicar essa relação, principalmente hábitos de vida semelhantes, como manter dietas parecidas, prática de esportes e manutenção de peso. Outros quesitos também influenciam, tais como compartilhar objetos e espaços físicos e a prática sexual. O principal fator, entretanto é o tempo de relacionamento, que aumenta a similaridade entre as microbiotas do casal”, explica o gastroenterologista Rodrigo Moisés, do Hospital Nove de Julho.
O estudo aponta que o estresse e a depressão no casamento também podem levar a comportamentos prejudiciais à saúde, como má alimentação e sono inadequado, que afetam negativamente a microbiota intestinal. Essas alterações podem aumentar a permeabilidade intestinal, resultando em inflamação crônica e envelhecimento acelerado.
Ou seja, a qualidade da relação conjugal e os comportamentos de saúde compartilhados desempenham papéis cruciais na determinação da saúde e do envelhecimento dos parceiros. A semelhança pode contribuir para riscos de doenças compartilhadas, como obesidade, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares.

“As alterações da microbiota podem interferir dificultando a digestão, causando mais fermentação, inchaço, gases, distensão, contribuindo para uma maior dificuldade na absorção de algumas vitaminas, em especial a vitamina B, D e o ferro. Se estiver desequilibrada, a microbiota pode interferir na digestão por ocasionar eventos diarréicos”, explica o gastroenterologista e membro da Sociedade Brasileira de Gastroenterologia Bernardo Martins, do Hospital Santa Lúcia Norte.
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