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Empresa de ambulância que tombou com idoso acumula viaturas sucateadas

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O episódio envolvendo a ambulância que tombou com um paciente de 80 anos, na última quarta-feira (12/3), em Ceilândia, não é um caso isolado envolvendo a empresa UTI Vida. Ex-funcionários da empresa particular, que também presta serviços para o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), denunciam outros acidentes de trânsito, ambulâncias sucateadas e atraso no pagamento dos salários.

De acordo com a equipe do Departamento de Trânsito (Detran-DF), a UTI móvel envolvida no acidente dessa semana estava com os pneus em mau estado de conservação. Além disso, o motorista da ambulância foi autuado em razão de a CNH estar vencida há mais de 30 dias.

Imagens obtidas pela reportagem mostram que o estado de conservação da viatura do último sinistro é parecido com o que foi flagrado em outras vans da empresa. Os registros mostram viaturas em péssimo estado encostadas no pátio da empresa. Algumas delas danificadas após se envolverem que acidentes de trânsito. Outras aparecem nas fotos com pneus carecas e bancos rasgados.

O estado das ambulâncias coloca em risco tantos pacientes quanto os profissionais que trabalham nessas UTIs móveis. Segundo os ex-funcionários, mesmo algumas viaturas sem condição de rodar continuam realizando transporte.

Veja imagens das ambulâncias: 

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Ambulância envolvida em acidente

Imagem cedida ao Metrópoles

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Pneus carecas

Imagem cedida ao Metrópoles

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Viaturas da UTI Vida paradas

Imagem cedida ao Metrópoles

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Banco de ambulância rasgado

Imagem cedida ao Metrópoles

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Van em má estado de conservação no interior

Imagem cedida ao Metrópoles

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Ambulâncias da UTI Vida prestam serviço para o Iges-DF

Imagem cedida ao Metrópoles

Alguns vídeos que o Metrópoles teve acesso expõem que o interior dessas ambulâncias também está sucateado devido à falta de manutenção. As portas chegam a ser presas com ataduras. Em uma das gravações, uma profissional mostra o estado em que foi entregue a UTI Móvel para início do plantão dela. “Suja, fedendo, com vidro quebrado, cheia de lama e o carregador também não funciona”, alega.

Já em outro registro, um motorista mostra que está tendo dificuldade para acelerar a ambulância por causa de um problema mecânico. “A gente tá dando passagem aos outros carros, para não atrapalhar o trânsito”, comenta.

Imagens também evidenciam uma maca presa por uma corda improvisada, problemas de iluminação na viatura, além de muita fumaça saindo do escapamento, indicando problemas no motor. Segundo os ex-funcionários, a fumaça chegava a invadir o interior das ambulâncias.

Veja os problemas: 

 

 

 

Os ex-funcionários também denunciam problemas com o atraso do pagamento dos salários e, posteriormente, com a rescisão do contrato. Entre o final do ano passado e o início de 2025, cerca de 30 funcionários foram desligados. O grupo alega que até março não havia recebido o dinheiro devido e que não recebe um posicionamento da empresa.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) chegou a instaurar um inquérito para investigar as denúncias de funcionários que foram demitidos sem receber seus direitos e, também, das condições de trabalho na UTI Vida.

Risco iminente

O deputado distrital Jorge Vianna (PSD) acompanha a situação da UTI Vida há pelo menos quatro anos. De acordo com ele, denúncias envolvendo o sucateamento das ambulâncias sem as mínimas condições de segurança para circular e muito menos de remover pacientes não são novidade. Ele recebeu até mesmo relatos sobre o fornecimento de comida estragada para os funcionários nesse período.

O parlamentar já enviou ofícios cobrando esclarecimentos da empresa, além de uma representação para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A partir de um Termo de Ajustamento de Conduta firmado com órgão, a UTI Vida se comprometeu a regularizar toda a situação, que continua precária.

“Já fiz de tudo para impedir que essas ambulâncias continuem a rodar nessas condições. Até mesmo as viaturas novas já chegam sucateadas da outra unidade da empresa, no Rio de Janeiro. É uma empresa que não tem responsabilidade e que coloca em risco os pacientes e os funcionários”, alerta.

Em fiscalizações realizadas nessas viaturas, Vianna flagrou vans com problemas no freio, mais de 300 mil quilômetros rodados,  sem puxador para abrir porta, entre outros itens deteriorados, o que representa risco iminente de acidente.

“Também temos relatos de condutores, os quais denunciaram falta de horário de descanso que perfazem a carga horária de 24 horas de serviço. A UTI não está está sendo responsável para com o povo de Brasília e os trabalhadores. Não podemos aceitar que eles continuem agindo dessa forma”, frisou o deputado.

Contrato de R$ 57 milhões

Responsável pela gestão das unidade de pronto atendimento (UPAs) e dos hospitais de Base, Santa Maria e Cidade do Sol, o Iges-DF mantém um contrato com a UTI Vida para fazer o transporte de pacientes no valor R$ 57.741.548,94 por ano.

O contrato foi firmado entre o Iges e a UTI Vida em 2022, à época no valor de R$ 37.745.565,96. O termo recebeu dois aditivos, o último deles no ano passado, totalizando os R$ 57 mi investidos.

Apesar do investimento, há registros de falhas na transferência de pacientes. Um dos casos mais graves acabou com um bebê , de 1 ano, morto, na UPA do Recanto das Emas. Enzo Gabriel não resistiu à espera por uma uma ambulância, que o levaria para o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).

Em nota, o Iges-DF informou que mantém contrato de prestação de serviço de transporte de pacientes com a UTI Vida, mas que não é exclusivo.

Em relação ao acidente, o instituto disse que notificou a empresa para esclarecimento e providências do caso.

“Sobre denúncias de atrasos salariais aos colaboradores da UTI Vida, esclarecemos que os pagamentos são realizados mediante apresentação das certidões que comprovam a regularidade fiscal da empresa, incluindo a certidão de regularidade do FGTS. Todas as certidões apresentadas estão válidas, e não há pendências financeiras do IgesDF com a empresa”, completa a nota.

Ambulância tombada

A ambulância particular que levava um idoso de 80 anos capotou após batida com um Fiat Pálio, na madrugada de quarta-feira (12/3), na Avenida Hélio Prates, no centro de Ceilândia. Cinco pessoas ficaram feridas.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram que o paciente caiu da maca após ser socorrido.

Segundo informações do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), o paciente, que sofre de doença pulmonar obstrutiva crônica, foi atendido pelos socorristas e transportado consciente e desorientado para o Hospital Regional da Ceilândia (HRC) com dificuldade respiratória e corte profundo na região da cabeça.

Veja imagens do acidente:

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Divulgação/CBMDF

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Divulgação/CBMDF

A acompanhante do idoso, de 57 anos, foi transportada consciente e orientada também para o HRC, com suspeita de fratura na região das costelas e queixando-se de dores na região do tórax. Além das das vítimas, três enfermeiros também se feriram.

O outro lado

A reportagem entrou em contato com a empresa UTI Vida, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto.

 

 

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