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terça-feira, 20 maio, 2025
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    HomeEntretenimentoEm Cannes, diretor fala sobre desafios de filme sobre Cacá Diegues

    Em Cannes, diretor fala sobre desafios de filme sobre Cacá Diegues

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    Cannes – Meses após a morte de Carlos “Cacá” Diegues, um dos maiores nomes do cinema brasileiro, o Festival de Cannes recebe a estreia mundial de um documentário que celebra sua vida e legado.

    Dirigido por Lírio Ferreira e Karen Harley, Para Vigo Me Voy! (assista ao trailer clicando aqui) homenageia o cineasta que ajudou a fundar o Cinema Novo e levou a filmografia nacional aos primeiros reconhecimentos internacionais. O título faz referência a uma fala de Bye Bye Brasil, seu filme mais icônico.

    Cacá esteve em Cannes em diversas funções: como diretor, produtor, jurado — e agora, como protagonista de um filme que emociona pela presença e pela ausência.

    Após a exibição, que reuniu equipe, familiares e um público visivelmente comovido, o Metrópoles conversou com Lírio Ferreira sobre a construção desse tributo cinematográfico.

    Leia a entrevista completa:

    Metrópoles: Lírio, é possível resumir uma vida em um só filme?

    Lírio Ferreira: É muito difícil, muito complicado, principalmente quando você pega uma pessoa do quilate, da dimensão, da importância que ele tem. Um cineasta incrível, um pensador do Brasil incrível, um cronista incrível. Os encontros que ele teve durante toda a vida, os filmes que ele fez, as influências que ele deixou, o legado dele — não é uma coisa fácil. Não é uma coisa fácil e nunca é perfeita, nesse sentido.

    Mas eu acho que a gente tenta montar alguns caminhos, fazer algum bordado ali que possibilite isso. E eu acho que o bordado é essa grande mensagem que o Cacá deixa para o futuro: a afetividade. Ele era o cineasta do afeto, e eu acho que é a partir destes afetos, destas relações de afeto, de sempre escutar o outro e sempre apoiar, que achamos uma solução.

    Foi por esse caminho que a gente foi fazer essa missão, quase impossível, de tentar, em 99 minutos, colocar um olhar sobre uma figura tão gigante como o Cacá Diegues.

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    Para Vigo Me Voy! homenageia trajetória de Cacá Diegues

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    Para Vigo Me Voy! homenageia trajetória de Cacá Diegues

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    Metrópoles: O filme tenta, na sua fotografia, deixar a gente bem pertinho dele, com planos de close-ups extremos. Como foi feita essa escolha de retrato?

    Lírio Ferreira: A fotografia é do Loiro Cunha. A maneira de aproximação… a gente foi chegando muito aos poucos, muito aos poucos. Se aproximando cada vez mais, pra gente sentir até que ponto a gente ia.

    Em alguns momentos, o Zé Bial, neto do Cacá, filma ele, aí a câmera vai muito pra perto dele mesmo. Mas a gente tinha que se sentir à vontade pra fazer essa aproximação e jogar esse olhar muito perto dele… Não esconder nada, enfim. Ele leva um tombo no meio do filme, e depois se levanta, toma um café e vai filmar de novo.

    Eu acho que essa maneira, esse jogo de poder se aproximar do Cacá, é algo em que fomos chegando aos poucos, esmerilhando. A ideia era chegar muito perto dele mesmo.

    Metrópoles: Como vocês, tanto os diretores quanto o próprio Cacá, lidaram com a proximidade da morte? Como esse espectro norteou essa produção e essa pós-produção?

    Lírio Ferreira: A vida tem esse caráter de finitude, né? A gente não sabe… Cacá podia estar vivo aqui, eu podia não estar aqui. A vida já nasce com essa questão da finitude.

    Mas é muito simbólico. Obviamente ele estava com a saúde fragilizada, mas trabalhando até o final da vida: escrevendo crônica toda semana, filmando, editando, indo pras sessões do filme dele, se emocionando. É uma coisa que acontece na vida da gente.

    Ele fala, inclusive, um pouco sobre a morte da filha e faz esse paralelo, essa lembrança linda que ele tem da Flora (Diegues, morta em 2019, em decorrência de um câncer).

    Infelizmente, ele não está aqui. Eu podia não estar, e ele podia estar. Mas a vida é isso. E a gente foi se aproximando com muito carinho. Do jeito que ele ensinou a gente. Com muita afetividade.

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