Deputados distritais de esquerda decidiram acionar a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e a Polícia Federal (PF) para investigar o vazamento de dados pessoais de uma estudante da Universidade de Brasília (UnB). O influencer e youtuber de direita Wilker Leão (foto em destaque) é o responsável pela exposição.
“Wilker Leão, influenciador bolsonarista conhecido por perseguir professores e expor militantes de esquerda nas redes, divulgou os dados pessoais de uma estudante da UnB e incentivou os seguidores a ameaçarem-na. Isso é crime. E crime grave”, afirmou Gabriel Magno (PT).
O deputado alertou que Wilker foi suspenso mais de uma vez pela universidade, por gravar, sem autorização, professores e alunos durante as aulas. “Dessa vez, em vídeo postado […] na noite de 2 de abril de 2025, [ele] divulgou informações sensíveis de estudantes e incentivou os seguidores a promover assédio contra eles”, acrescentou o deputado distrital.
Para o correligionário do petista e também deputado distrital Chico Vigilante, o vazamento dos dados pessoais foi algo “inaceitável e criminoso”. “Ele [Wilker] transformou a vida dessa estudante em um inferno. Rede social não é terra sem lei. Mas sabemos que esse é o tipo de prática da extrema direita para conseguir cliques e, depois, votos nas eleições”, criticou.
Chico Vigilante também lamentou o momento de tensão política que atrapalha a rotina acadêmica na universidade. “É lastimável. Alguns políticos têm transformado a UnB em um palco de guerra. Isso é inaceitável. Os estudantes precisam de paz para estudar”, defendeu o distrital.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF) chegou a receber denúncias sobre o youtuber. O presidente do colegiado, deputado distrital Fábio Felix (PSol), comentou a situação: “Temos acompanhado alguns casos provocados pela postura do estudante [Wilker Leão], e é um absurdo”.
Entenda o caso
- Wilker Leão é um youtuber de extrema-direita que ganhou notoriedade em 2022, quando se envolveu em confusão com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em frente ao Palácio da Alvorada.
- As confusões causadas pelo aluno na Universidade de Brasília (UnB) começaram em agosto de 2024, quando uma professora registrou boletim de ocorrência e o acusou de gravar aulas dela e de postar vídeos com trechos fora de contexto.
- No mês seguinte, o youtuber foi acusado de vazar dados pessoais de colegas da universidade e de incentivar os seguidores dele a agredirem estudantes da UnB.
- Wilker continuou a gravar as aulas e a criar conteúdo do mesmo tipo para as mídias sociais.
- Em dezembro, a reitora da UnB, Rozana Naves, suspendeu o aluno das aulas de História do Brasil 1 e História da África por 60 dias, por considerar que as gravações do youtuber geraram “prejuízo ao regular andamento de disciplinas”.
- Após a notícia da suspensão, Wilker usou as mídias sociais para dizer que era perseguido. “[O processo] foi feito sem sequer me dar direito ao contraditório e à ampla defesa”, reclamou.
- O prazo de 60 dias chegou ao fim e, após ampla divulgação do caso e de manifestações diversas dos estudantes, a UnB decidiu, em 24 de março de 2025, por suspender Wilker por mais dois meses.
- A UnB informou que continua a acompanhar o processo disciplinar discente aberto contra Wilker e reiterou que “a gravação e a divulgação de conteúdos das aulas sem autorização do professor não são permitidas, podendo configurar violação de direitos autorais”.
- O Ministério da Educação (MEC) acrescentou que a decisão de afastá-lo definitivamente ou não caberá à própria UnB.