Há oito anos, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso de uma vacina contra a dengue no Brasil. A Dengvaxia, do laboratório Sanofi, chegou a pedir a incorporação do imunizante ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas desistiu do processo, e o fármaco acabou nunca disponibilizado na rede pública.
Para que uma vacina seja incorporada pelo SUS, é preciso que seja aprovada pela Anvisa e pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do Ministério da Saúde. Em 2017, a Sanofi entrou com pedido para que a tecnologia fosse avaliada pelo comitê. Entretanto, o processo de avaliação foi encerrado a pedido do próprio laboratório.
A Sanofi justificou que a bula do imunizante seria o motivo para a desistência. “A abordagem de administração de Dengvaxia é a de ‘testar e vacinar’, pois a vacina é indicada para quem teve infecção comprovada por dengue. Há necessidade de exposição prévia ao vírus da dengue, comprovada por diagnóstico anterior com confirmação laboratorial, ou por intermédio de teste sorológico reagente para anticorpos contra a doença”, informou a empresa.
Naquela época, em 2017, a Sanofi entendeu que garantir a triagem sorológica antes da vacinação seria uma medida de difícil execução para um programa público de vacinação, o que tornaria a utilização universal um desafio.
Apesar disso, desde 2016, o imunizante fabricado na França tem autorização para ser comercializado no Brasil e pode ser comprado por iniciativas privadas e disponibilizado para o público. A Sanofi destacou que a dose é “segura e eficaz, indicada para proteção contra os quatro sorotipos da dengue”, desde que para pessoas infectadas previamente pela doença.
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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente a morte
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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles. Ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue
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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão
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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada
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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas
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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas
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Imunizante disponível
Atualmente, o SUS disponibiliza apenas uma vacina contra a dengue gratuitamente à população: a QDenga. Produzida pela farmacêutica japonesa Takeda. Durante os ensaios clínicos, o imunizante demonstrou a redução em até 90% das hospitalizações por causa da doença entre quem recebeu as duas doses necessárias – aplicadas com intervalo de três meses entre elas.
Vacina contra dengue: quais são as reações esperadas e o que fazer?
A vacinação com ela no Distrito Federal começou no último dia 9, para crianças de 10 e 11 anos. A escolha da faixa etária decorre da concentração de casos de hospitalização entre esse público. Embora o risco de quadros graves também seja alto para idosos, a Qdenga não foi recomendada pela Anvisa para esse público.
A previsão do Ministério da Saúde é de que, em abril, as crianças de 12 anos sejam contempladas pela campanha de vacinação.
Desde o início deste ano, o DF registrou 38 mortes pela doença. Boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde (SES-DF) nessa terça-feira (20/2) registrou, ainda, 81.408 casos prováveis da doença.