Pesquisadores norte-americanos revelaram um avanço promissor no tratamento do Alzheimer, inspirado em um composto presente em ervas como o alecrim e a sálvia.
O ácido carnósico, conhecido por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, tem sido alvo de estudos devido ao seu potencial terapêutico, mas a instabilidade em forma pura dificultava o uso eficaz no tratamento de doenças como o Alzheimer.
A novidade vem de um derivado sintetizado do ácido carnósico, denominado diAcCA, que se mostrou estável e eficaz em modelos experimentais com camundongos.
Resultados promissores
A pesquisa, publicada na revista Antioxidants em 28 de fevereiro, mostrou resultados animadores: os ratos que receberam o diAcCA apresentaram melhorias na memória, aumento das sinapses neuronais e redução da inflamação, além de uma maior eliminação de proteínas tóxicas associadas ao Alzheimer.
De acordo com o neurocientista Stuart Lipton, do Instituto de Pesquisa Scripps, os testes de memória realizados nos animais indicaram que todos eles melhoraram com o medicamento. “Isso não apenas desacelerou o declínio, como o reverteu, praticamente trazendo os níveis de volta ao normal”, afirma, em comunicado à imprensa.
O Alzheimer, que pode destruir sinapses e afetar a comunicação entre os neurônios, tem como um dos efeitos mais perceptíveis a perda de memória. A pesquisa sugere que o diAcCA pode ajudar a reverter esses danos.
A principal dificuldade dos pesquisadores foi garantir que o ácido carnósico chegasse ao cérebro de forma estável e eficaz. Após uma série de testes, eles encontraram no diAcCA uma forma que não só tem boa absorção pelo organismo, como atinge níveis terapêuticos no cérebro rapidamente. “Ele foi convertido no ácido carnósico dentro do corpo e mostrou cerca de 20% mais absorção do que a forma pura”, explica Lipton.
Em testes com camundongos com Alzheimer, o composto foi administrado três vezes por semana durante três meses, com resultados notáveis: a redução do acúmulo de proteínas nocivas, como a tau fosforilada e a beta amiloide, foi observada, além de um aumento significativo no número de sinapses, o que sugere uma melhora na função cerebral.
Mais pesquisas são necessárias
Embora os resultados sejam promissores, os pesquisadores alertam que os testes ainda estão em estágio inicial. Ensaios clínicos serão necessários para confirmar a eficácia do diAcCA em seres humanos.
Contudo, as propriedades anti-inflamatórias do composto abrem novas possibilidades de tratamento, não apenas para o Alzheimer, mas também para outras doenças associadas à inflamação, como diabetes tipo 2 e Parkinson.
Lipton e sua equipe acreditam que o diAcCA pode ser utilizado em conjunto com tratamentos já existentes para o Alzheimer, potencializando seus efeitos e reduzindo efeitos colaterais. “Isso poderia fazer com que os tratamentos existentes com anticorpos amiloides funcionassem melhor, eliminando ou limitando seus efeitos colaterais”, conclui Lipton.
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