Preta Gil não apenas construiu uma carreira musical marcada pela autenticidade e pela irreverência, como também se consolidou, ao longo dos anos, como uma das maiores representantes da comunidade LGBTQIA+ no Brasil. A artista morreu neste domingo (20/7), aos 50 anos, após uma longa luta contra o câncer.
Mulher negra, assumidamente pansexual e fora dos padrões estéticos impostos pela mídia, ela usou sua visibilidade para romper tabus e abrir espaço para o debate público sobre identidade, inclusão e respeito à diversidade.
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Desde o início da carreira, Preta nunca se enquadrou no que se esperava de uma “estrela pop”. Seu primeiro álbum, lançado em 2003, causou polêmica não só pela proposta musical, mas também por trazer a cantora nua na capa — uma escolha estética e política. Ao longo dos anos, ela transformou essa postura em posicionamento: “Sou negra, gorda, pansexual, e me orgulho de cada parte de mim”, disse em diversas entrevistas.
Mas o ativismo de Preta vai além da própria imagem. Ela passou a utilizar sua arte como instrumento de transformação social. Em videoclipes, shows e entrevistas, sempre fez questão de incluir pessoas LGBTQIA+, especialmente artistas trans, e trazer para o centro do palco pautas que por muito tempo foram invisibilizadas.
Em 2019, por exemplo, lançou o clipe Só o Amor, em parceria com Gloria Groove, que homenageava a personagem trans Britney, da novela A Dona do Pedaço. O vídeo foi elogiado por contar com elenco formado majoritariamente por pessoas trans e por tratar com respeito e empatia temas como identidade de gênero e aceitação.
Fora dos palcos, Preta também participou ativamente de campanhas e eventos ligados à causa LGBTQIA+.
Em 2011, falou abertamente sobre sua bissexualidade em um seminário no Congresso Nacional, defendendo a criminalização da homofobia. Uma década depois, em 2021, foi escolhida para apresentar a série Aliades pela Diversidade, no Facebook Watch, voltada à promoção da inclusão nas empresas e na sociedade.
Ao longo de quase duas décadas de carreira, a artista acumulou afeto e reconhecimento por parte do público LGBTQIA+, que se identifica não apenas com suas músicas, mas com sua postura de acolhimento, empatia e militância.
“Quero sempre representar o que a sociedade ainda chama de minoria, mas que, na verdade, somos a maioria invisibilizada”, afirmou em entrevista à Quem, em 2019.