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sábado, 15 março, 2025
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    HomeBrasilComo a sazonalidade das safras impacta os preços dos alimentos?

    Como a sazonalidade das safras impacta os preços dos alimentos?

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    Os preços dos alimentos têm preocupado o brasileiro. Em 2024, o grupo Alimentação e bebidas teve alta de 7,69%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, embora o resultado anual seja de aumento, as culturas podem apresentar, ao longo do tempo, reduções no preço, ainda que temporárias. Isto tem a ver com a sazonalidade.


    Entenda

    • Um dos principais fatores para explicar as variações nos preços da comida é a sazonalidade decorrente das quatro estações do ano.
    • Primavera, verão, outono e inverno possuem características distintas que influenciam na produção dos alimentos.
    • Isto acontece porque disponibilidade de chuva e temperatura são fatores definitivos para o desenvolvimento das plantas.

    “Se a gente tiver menos disponibilidade de água, a tendência é a gente ter menos produção e menos oferta, maior tende a ser a demanda e, com isso, a gente tem preços cada vez mais altos”, explica ao Metrópoles o geógrafo e professor do Instituto de Geociências da Universidade Nacional de Brasília (UnB), Gustavo Macedo de Mello Baptista.

    Baptista acrescenta que os biomas se comportam de maneiras distintas diante das estações. “Nós temos, no caso do Brasil, dois biomas que têm uma sazonalidade muito marcada. O Cerrado, que é onde a gente tem a grande produção de grãos para exportação, e a Caatinga, que tem essa sazonalidade mais marcada ainda.”

    Cada cultura tem um período de plantio e colheita diferente. Embora o consumidor final não acompanhe este calendário, ele é quem percebe diretamente esta dinâmica ao se deparar com os preços na feira ou no supermercado.

    Do ponto de vista dos produtores, eles costumam ter apoio dos órgãos de assistência técnica para orientá-los sobre os períodos mais indicados. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, desenvolveu o aplicativo “Zarc – Plantio Certo”, com informações sobre 43 culturas. O objetivo é evitar perdas, buscando assim maior produtividade.

    Os impactos das chuvas influencia desde a germinação e desenvolvimento da planta até a colheita. No caso da soja, por exemplo, há uma faixa de umidade adequada para a retirada do solo. Em Goiás, a soja começou a ser colhida oficialmente no dia 31 de janeiro, conforme divulgado pela Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg).

    Grande x pequeno

    Baptista afirma que no Brasil, os grandes produtores destinam importante parte da produção para o exterior. Em 2024, por exemplo, só a soja representou 13% das exportações brasileiras, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDic). Em valores absolutos foram US$ 42,9 bilhões. “Quem coloca comida no nosso prato é pequeno produtor”, diz o especialista ao frisar que isto torna os preços mais suscetíveis à sazonalidade.

    “Nem todo pequeno produtor tem condição de irrigar ou tem uma produção irrigada. Com isso, ele acaba perdendo a produção ou parte dela. Quando ele perde, você tem menos disponibilidade de alimento, maior tende a ser preço. É a lógica de mercado”, detalha o geógrafo.

    O especialista afirma que nem mesmo o fato de o mercado ser globalizado atenua os efeitos da sazonalidade. Isto quer dizer que o fato de as estações se alternarem entre os hemisférios sul e norte não leva a uma estabilidade nas produções e colheitas.

    “Por exemplo, nas zonas que ficam entre os trópicos e os polos, que são as zonas intertropicais, as estações são mais bem distribuídas ao longo do ano. Mas nem todo produto se adapta a uma zona temperada, essa zona que está entre o tópico e o polo”, completa Baptista.

    E o futuro?

    A expectativa para a safra 2024/2025 é de um crescimento de 10,3%. As 328,3 milhões de toneladas que são estimadas para colheita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), se confirmada, será o novo recorde do Brasil.

    São nestes números que o governo federal deposita a esperança de ver a inflação deste grupo de consumo reduzir. “Estou muito confiante de que a safra deste ano, por todos os relatos que eu tenho tido do pessoal do agro, vai ser uma safra muito forte e isso também vai ajudar”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no dia 4 de fevereiro deste ano.

    O governo federal também tem expectativa de reduzir os preços dos alimentos ao zerar a taxa de importação destes produtos. Fazem parte da lista: carnes desossadas de bovinos; café torrado, não descafeinado; café em grão, não torrado, não descafeinado; milho em grão; azeite de oliva; açúcares de cana; massas alimentícias, não cozidas, nem recheadas, nem preparadas de outro modo; bolachas; e óleo de girassol.

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